Depois de ter aprovado a isenção de tarifa para importação de máquinas de café e cápsulas, no início de abril, o governo brasileiro liberou a importação de café arábica em grão do Peru. A medida, considerada inédita, deve impulsionar as indústrias do setor, sobretudo as que produzem café em cápsulas, que já reivindicavam pela importação do grão verde para compor o blend de seus produtos.

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Maior produtor e exportador global de café, o Brasil ainda tem muito espaço para avançar no segmento de café gourmet, que responde por 5% do setor, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). “O mercado de café em cápsulas ainda é menor, atingindo 2% dos lares brasileiros”, disse Nathan Herszkowicz, presidente da entidade.

A liberação da importação do grão verde do Peru foi aprovada no fim de abril, com a da Instrução Normativa Nº6, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A instrução aprovou os requisitos fitossanitários para importação de grãos de café arábica produzidos no Peru. Há expectativa de que o governo libere a importação de grãos da Colômbia, Quênia e Etiópia, segundo fontes ouvidas pelo Estado.

Para Guilherme Braga, presidente do CeCafé, entidade que reúne os exportadores brasileiros, essa medida não deve afetar os produtores nacionais, uma vez que o volume importado (previsto em até 10 mil sacas de 60 quilos/ano) é voltado para produção local e para atender um nicho de mercado.

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Investimentos

Nos últimos seis meses, foram anunciados pelo menos dois grandes investimentos na indústria de café para construção de unidades de produção de cápsulas no País. A Nestlé anunciou no fim do ano passado aportes de R$ 200 milhões para construir uma fábrica na cidade de Montes Claros (MG) – sua primeira unidade produtora de cápsulas no País, que será base para exportação para América Latina.

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Os produtos serão para as máquinas Dolce Gusto. A unidade deve inaugurar suas operações ainda neste ano, informou a companhia por meio de um comunicado.

Na mesma cidade, a Três Corações, joint venture entre a israelense Strauss e a brasileira São Miguel Holding, vai erguer uma unidade produtora de cápsulas, com um investimento total de R$ 85 milhões. O aporte será feito em duas etapas, afirmou Pedro Lima, presidente da Três Corações. A primeira fase contempla aportes de R$ 45 milhões e a segunda fase, de expansão dessa fábrica, mais R$ 40 milhões.

A unidade, cuja obra terá início no segundo semestre, deverá ser inaugurada em 2016. Hoje, a Três Corações vende no País 4 milhões de cápsulas por ano. A torrefadora comercializa sua própria máquina de café em parceria com a companhia italiana Caffitaly. “Nossa máquina foi desenvolvida para consumo não apenas de café, mas também de outras bebidas, como chá e cappuccino.”

Desde o início de abril, a importação de máquinas e cápsulas de café está isenta de tarifa, atendendo a um pedido da indústria. A importação do grão de outras origens vai permitir compor blends diferenciados de café, não só para cápsulas, mas também para o produto torrado e moído. “Há café torrado e moído de outros países nas redes varejistas”, disse Herszkowicz. Segundo ele, o País já tem 60 pequenas empresas especializadas na produção de cápsulas de café.

Em agosto do ano passado, a Brastemp lançou, em São Paulo, sua primeira máquina de bebidas. A máquina também tem um formato multiúso, capaz de fazer 0utros tipos de bebida – entre elas, café, suco, chá quente, chá gelado, refrigerante, frapês e energéticos.

Em março, a Wine.com.br, maior e-commerce de vinhos da América Latina, anunciou sua entrada no mercado de café, com a compra da suíça Mocoffee, companhia que comercializa máquinas e cápsulas para café.

“Esse movimento mostra que a indústria de café não está parada e tem potencial para crescer”, disse Herszkowicz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.