Os pais brasileiros são os que mais apostam no gasto em ensino para garantir o sucesso dos filhos. Um estudo global elaborado pelo banco HSBC mostra que 79% dos entrevistados no Brasil acreditam que pagar pela educação é o melhor investimento que podem fazer para a próxima geração.
Depois do Brasil, a importância é maior na China (77%), Turquia e Indonésia (cada um com 75%), sendo a média mundial de 58%. A pesquisa foi realizada com 4.592 pessoas de 15 países entre dezembro de 2013 e janeiro deste ano.
No recorte com dados apenas dos brasileiros, os entrevistados apontaram a educação como destino ideal de recursos alocados para o suporte financeiro dos filhos. No Brasil, 44% aportariam preferencialmente o dinheiro para os estudos – resultado também acima da média mundial (42%). A segunda opção é o fundo de investimento (15%), seguida pela ajuda para iniciar um negócio (10%).
A relevância do Brasil na pesquisa pode ser explicada por dois grandes motivos. Primeiro, educação de qualidade no País se tornou sinônimo de ensino privado – segundo o levantamento, 66% dos entrevistados brasileiros acreditam que a escola particular é melhor do que a pública. Em segundo lugar, é inegável que há uma mudança comportamental, com aumento da importância dada para a educação.
Os dados do estudo do HSBC mostram que 97% dos pais desejam que os filhos frequentem a universidade, 84% que frequentem uma pós-graduação e 77% esperam que os filhos tenham um nível de educação melhor do que a deles.
“Cada vez mais o brasileiro quer se destacar no mercado. Talvez o brasileiro nunca tenha se preocupado com educação como antes”, afirma Augusto Miranda, diretor de gestão de patrimônio do HSBC.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – compilado pelo Centro de Políticas Públicas do Insper – revelam parte dessa mudança cultural. De 1992 a 2012, o porcentual de brasileiros com mais de 22 anos com 0 a 4 anos de estudo caiu à metade: de 60% para 33,1% da população. Na outra ponta, a parcela dos que têm 12 anos ou mais de estudo subiu de 7,6% para 15,9%.
“Foram vários os fatores que levaram a esse aumentou do tempo de escolaridade. Tudo começou com a Constituição de 1988. Ela descentralizou o cuidado com a educação para os municípios com a transferências de recursos”, afirma Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper.
O aumento da escolaridade média também foi impulsionado pela criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef)- depois transformado no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) – e pelos programas de transferência de renda e de facilidade ao crédito.
Anos de estudo
No Brasil, há uma relação elevada entre valores de salários e os níveis de ensino. Na média, há um aumento de 10% no salário para cada ano adicional de estudo. “Antigamente, o ensino médio dava um diferencial muito grande, depois começou a ser o ensino superior, sinalizando para a sociedade a importância de frequentar a escola e entrar no mercado de trabalho com uma escolaridade maior”, afirma Naercio.
Em São Paulo, por exemplo, com base nos dados da Pnad de 2012, o salário médio de quem estudou de 0 a 7 anos era de R$ 1 mil. O valor subia para R$ 1,5 mil para aqueles que completaram 11 anos de estudo. Ao término do ensino superior, a remuneração média ia para 3,5 mil, e para pós-graduados chegava a R$ 8 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.