O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje, em entrevista no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que o governo brasileiro assinará na próxima reunião do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) um acordo que transfere para o Fundo Monetário Internacional (FMI) US$ 10 bilhões.

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O encontro dos países ocorrerá em Pittsburgh, nos Estados Unidos, neste mês. O dinheiro será usado em programas do FMI para o combate à crise financeira internacional e será revertido em bônus, emitidos pelo fundo. Os recursos são provenientes das reservas brasileiras.

Mantega informou que outros países emergentes, como a China (US$ 50 bilhões), a Rússia (US$ 10 bilhões) e a Índia (US$ 10 bilhões), vão comprar bônus do FMI. Ele relatou que, em reuniões de ministros da Fazenda e da Economia e presidentes de Bancos Centrais do G-20 e dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), houve consenso de que as mudanças no FMI e no Banco Mundial devem ser mais rápidas. Os países emergentes querem, segundo o ministro, que aumente de 40% para 47% seu poder de voto no fundo.

“Hoje, o poder de voto no FMI é de 60% para os países chamados avançados e de 40% para países em desenvolvimento”, disse o Mantega. “Nós colocamos como meta passar 7% das ações dos países avançados para os emergentes”, afirmou.

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Na avaliação do ministro, muitos países europeus perderam poder decisório desde a criação do FMI, na década de 40. “Tirando a França, o Reino Unido e a Alemanha, os demais países europeus não têm o mesmo peso que tinham no passado”, afirmou Mantega.

O ministro relatou que, na reunião de hoje do grupo de coordenação política do governo, ele apresentou dados que mostram uma retomada do crescimento no País.

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Mantega disse ainda que os incentivos concedidos pelo governo e as desonerações no setor automobilístico e na indústria da chamada linha branca (fogões, geladeiras e lavadoras) estão mantidos, dentro dos prazos estabelecidos para cada um deles.

“Pelo PIB (Produto Interno Bruto) industrial da semana passada, foi registrado um crescimento de 2,2% em relação ao mês anterior. Isso é sinal de que a indústria está em forte recuperação no Brasil”, comemorou o ministro.

Mantega avaliou que as medidas de desoneração foram um sucesso. Ele destacou que o Brasil apresentou bons resultados em sua política de incentivos, mesmo gastando menos que outros países. Segundo ele, a China gastou 12% do PIB para combater a crise e, no Brasil, esse porcentual não chegou a 1%.

Setor financeiro

O ministro da Fazenda afirmou que, na próxima reunião do G-20, os países do grupo vão voltar a defender as regras para o sistema financeiro. Segundo ele, algumas instituições já voltaram a fazer ações especulativas como no passado, o que resultou na atual crise financeira.

“Isso traz a necessidade de uma regulamentação. Não podemos relaxar e deixar voltar o que era antes. Se bobear…O que o mercado financeiro quer é que não se coloquem regras”, afirmou o ministro.

Mantega disse que é preciso, por exemplo, exigir maior volume de capital depositado para operações de risco nos bancos. Além disso, ele defende o fim da política de bônus em que as instituições financeiras estimulam diretores a conceder empréstimos sem garantias.