Foto: Aliocha Maurício/O Estado |
Orlando Pessuti: medidas ajudam a amenizar a crise. continua após a publicidade |
Apesar de não terem atendido de forma plena as solicitações dos agricultores, as medidas adicionais ao plano emergencial de 25 de maio vão amenizar a situação resultante de três anos consecutivos de clima adverso e de baixos preços. Esta é a avaliação do vice-governador Orlando Pessuti e do secretário da Agricultura, Newton Pohl Ribas, sobre o pacote suplementar anunciado pelo Ministério da Agricultura na quarta-feira (14), em Brasília. Os produtores ainda demorarão para resolver, totalmente, a situação de descapitalização e de endividamento em que se encontram, acreditam.
Newton Pohl Ribas lembra que a situação é agravada porque os produtores estão enfrentando mais uma estiagem que já atinge as lavouras de milho da segunda safra e as plantações de trigo. ?Para que realmente haja uma melhora considerável, é importante que aconteçam boas safras e que os preços melhorem?, comentou.
O vice-governador disse que o pacote permite a ampliação do percentual de prorrogação automática das dívidas de custeio de soja, nas regiões sul e sudeste do País, de 50% para 55% do saldo devedor. ?No caso do milho, o percentual salta de 20% para 35%.?
Quanto à prorrogação das dívidas, referentes às culturas do trigo e da mandioca, bem como às relacionadas à pecuária de corte e leite, avicultura e suinocultura, os produtores podem ter prorrogados os seus financiamentos de custeio para a safra 2005/06, em todo o País, com percentuais que variam de 20% a 25% do saldo devedor.
Pessuti e Ribas, que enviaram um ofício ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, no dia dois de junho, solicitando maiores prazos e elevação dos percentuais de renegociação das dívidas, concordam que as medidas complementares não atendem plenamente as reivindicações dos produtores rurais. Porém, eles acreditam que os benefícios anunciados ajudam o processo de regularização do endividamento.
?As medidas garantem mais prazos e uma maior elasticidade do processo de renegociação?, comentou Ribas. Já Pessuti destacou a prorrogação do prazo para pagamento dos débitos de custeio prorrogados de quatro para cinco anos. ?Foi mantida a carência de 12 meses. A primeira parcela poderá ser alongada para o dia 30 de dezembro de 2007, o que na prática significa um prazo de 18 meses?, disse.
SRP
Para a Sociedade Rural do Paraná, segundo o seu presidente Alexandre Lopes Kireeff, as novas medidas que tratam dos interesses do produtor rural se restringiram às questões de endividamento, se preocupando apenas com o alongamento dos prazos de pagamento. ?Novamente o foco principal da questão não foi abordado. Pontos importantes como a rentabilidade, os custos de produção, a adoção de uma política de preços mínimos e o desenvolvimento de um plano de seguro agrícola eficientes não foram resolvidos?, analisou o presidente da SRP.
Kireeff observa ainda que a próxima safra 2006/2007 pode ficar bastante comprometida. ?Essas medidas não são suficientes para definir a tomada de decisão a respeito do plantio da próxima safra?, avaliou.
Segundo a SRP, somente a continuidade das negociações entre a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Ministério da Agricultura e demais lideranças do setor pode trazer soluções para a crise do campo. ?É importante que os canais de conversação continuem abertos e que as negociações evoluam em direção da retomada da rentabilidade. É preciso que sejam criadas também melhores condições para uma diminuição dos custos de produção e uma recomposição dos preços?, finaliza Kireeff.