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Foto: Agência Brasil
Guido Mantega com Lima Neto,
do BB: anúncio adiado.

Brasília (AE) – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu ontem as críticas cada vez mais freqüentes no mercado financeiro de que as medidas já confirmadas pelo governo no pacote fiscal aumentam as incertezas em relação à economia brasileira nos próximos anos. Ao contrário, afirmou, o pacote ?só vai aumentar as certezas de que em 2007 a economia estará mais sólida e crescendo a taxas mais expressivas?.

Mantega anunciou um novo adiamento da data de anúncio das medidas, que agora passou para o período entre 18 e 22 de dezembro, e não será mais no final desta semana. Ele negou, porém, que a demora do governo em fechar o pacote se deve a desentendimentos dentro do governo. ?Nunca vi uma equipe tão coesa. Estamos trabalhando em perfeita harmonia?, disse.

Segundo o ministro, é provável que o anúncio seja feito ?por volta do dia 20?. No início das discussões do pacote, após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, em outubro, Mantega chegou a prever que as medidas seriam anunciadas em novembro. Apesar do otimismo do ministro da Fazenda, economistas e analistas do mercado estão cada vez mais céticos com relação ao pacote.

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A maior preocupação tem sido com a estratégia de desoneração de tributos por setores e sem uma contrapartida crível do lado de controle das despesas. A enxurrada de propostas que implicam aumento de gastos já começa a influenciar negativamente o humor do mercado. É o caso, por exemplo, da pretendida elevação do número de projetos do Programa Piloto de Investimentos (PPI), que não precisam ser contabilizados na hora de calcular o superávit das contas públicas.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, nas últimas semanas investidores e analistas aumentaram a procura por informações do Ministério da Fazenda sobre a política fiscal. A demora do anúncio só tem ampliado as desconfianças. Mantega explicou ontem que o adiamento foi necessário porque as medidas em estudo são complexas. ?Só a questão previdenciária já seria motivo de uma longa discussão e de um grande amadurecimento. Imagine o que é elaborar medidas nessa área. Vai ser um rol grande de medidas. Isso já justificaria uma demora de um ou dois meses?, ponderou. Ele atribuiu a demora à cautela do governo: ?Vocês não querem que a gente faça algo precipitado e apresente um conjunto de medidas que terá de ser retificado. Estamos tendo a cautela de amadurecê-las?.

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Questionado sobre a avaliação de economistas de que o pacote não vai garantir um crescimento mínimo de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) como quer o presidente Lula, Mantega devolveu a pergunta: ?Como vão dizer isso, se as medidas não foram nem anunciadas??. Em mais uma demonstração do discurso confuso adotado até agora, o ministro negou que o governo vá implementar uma proposta de leiloar, entre os bancos, a gestão da folha de pagamento do INSS, mas acrescentou em seguida que esta é ?sempre uma possibilidade?. ?Nem desistiu nem decidiu. É sempre uma possibilidade, mas não está sendo encaminhada neste momento?, disse.

Mantega reconheceu também que a portabilidade da conta salário – a possibilidade de o trabalhador escolher o banco em que quer receber seu dinheiro – tira o valor da folha de pagamento do INSS em eventual leilão para as instituições financeiras.

Lima Neto assume presidência do BB como interino

Brasília (AE) – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem a saída do atual presidente do Banco do Brasil, Rossano Maranhão. Em seu lugar, foi indicado, em caráter interino, o atual vice-presidente de Varejo da instituição, Antonio Francisco de Lima Neto. Ele é funcionário de carreira do banco e já foi vice-presidente de Negócios Internacionais e de Atacado do BB.

Rossano estava na presidência do BB desde novembro de 2004 e deixa o banco para ir para a iniciativa privada. Ele não quis dizer onde irá trabalhar depois do BB. O ministro da Fazenda explicou que a indicação de Lima Neto tem caráter interino porque, até o momento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não confirmou nenhum nome para ocupar o primeiro escalão do governo em seu segundo mandado. Em sua despedida, Rossano disse que completou um ciclo à frente do banco. Afirmou que cumpriu todas as determinações do presidente Lula e do ministro Guido Mantega.

Rossano ressaltou que deixa o banco ?numa situação financeira robusta e consistente?. ?Tenho o sentimento do dever cumprido?, afirmou. Ele disse que deixava o banco por motivos estritamente pessoais. ?Estou muito feliz por saber que estou sendo substituído por um funcionário da casa?, afirmou Rossano. O cargo de Lima Neto na vice-presidência de Varejo será ocupado pelo atual secretário-executivo do Conselho Diretor do BB, Aldenir Bendine. O presidente indicado do BB ressaltou que não é filiado a nenhum partido político e que pretende levar adiante o trabalho desenvolvido pelo atual presidente, Rossano Maranhão. O ministro da Fazenda também enfatizou que Lima Neto já está entrosado com a estratégia que o banco vinha desenvolvendo sob a gestão de Rossano Maranhão.