O pacote de aperto de crédito baixado ontem pelo Banco Central (BC) reduz a velocidade de vendas no varejo no fim do ano, mas não chega a estragar o Natal. O maior efeito das restrições no bolso do consumidor, como a redução nos prazos de financiamento, elevação das taxas de juros, exigência de entrada na compra de veículos, deve ser sentido em janeiro, dizem representantes do comércio.

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“As medidas não vão afetar muito o Natal”, afirma o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti. Ele reviu de 12% para 11% a expectativa de crescimento de vendas para a data, depois que tomou conhecimento das medidas. Mesmo assim, se a previsão se confirmar, este será o melhor Natal dos últimos dez anos, com crescimento de dois dígitos. Burti reconhece que a “demanda estava aquecida acima das expectativas”. Em novembro, por exemplo, as vendas do comércio cresceram 12,3% na comparação com o mesmo mês de 2009.

Um fator que pode retardar o impacto das restrições nas condições de financiamento do consumo de fim de ano é a forte concorrência entre as instituições financeiras. Procurados ontem pelo Estado, os bancos Bradesco e Santander e a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), por exemplo, não quiseram informar se alterariam as condições dos financiamentos.

Já o Itaú Unibanco comunicou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “está ajustando a operação às novas medidas”. A reportagem apurou que os bancos médios que financiam de veículos suspenderam ontem temporariamente as operações para avaliar o pacote.

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“Num primeiro momento ninguém faz nada porque não quer perder mercado”, afirma o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. Além do impacto esperado nos juros, nos prazos e na entrada dos financiamentos, ele acredita que os bancos serão mais rigorosos na concessão de novos empréstimos.