O pacote anunciado pelo Banco Central para conter a especulação do dólar foi discutido com o presidente Fernando Henrique Cardoso na quarta-feira, durante reunião com a equipe econômica no Palácio da Alvorada. As medidas foram colocadas como uma segunda cartada do governo, caso a entrevista do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, concedida depois da reunião, não surtisse o efeito desejado.
O conjunto de medidas anunciado era considerado muito forte pelo próprio governo, que deixou instrumentos como este para serem usados, como segunda opção, se as primeiras iniciativas não funcionassem para reduzir a cotação do dólar. O governo reconhece que o pacote inibe a atividade econômica, que já está em baixa, e que poderá provocar um impacto no comércio e como conseqüência, atingir as indústrias. Daí a cautela do governo em tomar medidas tão duras.
As novas medidas foram necessárias porque as declarações de Fraga, na quarta-feira, acabaram surtindo um efeito contrário ao que o governo esperava porque foi entendida como ameaça com cunho eleitoral.
A entrevista também havia sido combinada com o presidente Fernando Henrique, na reunião de quarta-feira, assim como o pacote de medidas. Mas o Palácio do Planalto insiste que não deixará de usar os instrumentos de que dispõe para conter a alta do dólar, mesmo que isso possa provocar estragos em época eleitoral. Da mesma forma, o governo observa que não há sentido o dólar permanecer no nível em que se encontra.
Mesmo tendo desabado 4% e chegado a R$ 3,82, esse valor ainda é considerado muito alto. O governo queria evitar o anúncio de um pacote contendo medidas duras por saber que ele terá conseqüências sobre a economia, em uma época que se espera maior faturamento das empresas. O BC havia sido criticado por dizer que ?existem limites? à atuação da autoridade monetária para reduzir o ?clima de medo? que paira sobre o mercado financeiro.