Horas depois de desembarcar na capital italiana para uma visita oficial de cinco dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na noite de domingo (9) com ministros da comitiva para mais um balanço da crise financeira mundial. Na avaliação do grupo, o pacote econômico chinês de mais de US$ 500 bilhões, aguardado com expectativa, segue a mesma diretriz de medidas tomadas pelo Brasil.
Ao final do encontro, no Palácio Pamphili, sede da embaixada brasileira na Itália, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que os países emergentes são “necessariamente” parte da solução para a crise financeira. “As medidas tomadas pelo governo chinês estão no mesmo sentido do que já fizemos no Brasil”, afirmou. “É uma política expansionista e de sustentação do investimento.”
Dilma Rousseff avaliou que, diferentemente de crises passadas, os países emergentes podem fazer investimentos. “No passado, Rússia, China, México e Índia quebravam, os seus governos ficavam absolutamente impotentes, não podiam tomar medidas expansionistas, todos tinham de cortar fortemente os investimentos”, disse. “Esse era o receituário do Fundo Monetário Internacional”, completou. “Agora, o Brasil e os demais emergentes não quebraram e estão aumentando os investimentos.”
A comitiva presidencial chegou a Roma às 9h30 (6h30 em Brasília). No aeroporto Ciampino, Lula foi recepcionado pela ministra da Igualdade de Oportunidades, Mara Carfagna, e pelo arcebispo Erwin Ender. Amanhã, o presidente brasileiro terá encontro com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, e o presidente da Câmara da Itália, Gianfranco Fini. Na terça-feira, Lula será recebido pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. A viagem de Lula a Roma termina na quinta-feira, quando o presidente terá encontro com o papa Bento XVI.
Além de Dilma, integram a comitiva de Lula os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Franklin Martins (Comunicação Social), Nelson Jobim (Defesa), Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Luiz Dulci (Secretaria Geral) e o assessor especial Marco Aurélio García. A primeira-dama Marisa Letícia também acompanha o presidente.
É a segunda vez neste ano que Lula visita a Itália. Em junho, ele defendeu numa reunião da Conferência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), em Roma, a política de biocombustíveis. Os anfitriões de Lula já manifestaram desde o encontro da FAO uma posição contrária ao etanol. Mesmo com os argumentos do governo brasileiro de que a produção de biocombustível no Brasil não se dá em detrimento à de alimentos, Napolitano e Berlusconi deixam claro que aceitam concessões.