O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deixará para o sucessor de Lula uma pendência de R$ 115 bilhões não gastos até 2010 no setor de logística. O cálculo foi feito pelo professor da Coppead/UFRJ Paulo Fleury, diretor do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), com base no último balanço do programa. Segundo o trabalho, até agora só 10% dos recursos foram efetivamente desembolsados pelo Estado. “Nesse ritmo, o governo só terminaria de gastar todo o dinheiro em 2034”, prevê Fleury.
Ele explica que o governo planejava deixar para o seu sucessor compromisso de investimentos de apenas R$ 36 bilhões – montante referente a parte dos projetos do Trem de Alta Velocidade (TAV), que vai custar R$ 34 bilhões, e da Ferrovia Oeste-Leste, na Bahia, de R$ 6 bilhões. “Mas o que temos visto até agora não vai nesse caminho. Se nada for feito para dar celeridade ao processo, no máximo o PAC terminará com 12,7% dos recursos gastos”, diz o professor.
Lançado em janeiro de 2007 como o mais importante programa de investimentos em infraestrutura dos últimos anos, o PAC vive aos trancos e barrancos, com enorme dificuldade para acelerar o ritmo das obras. Dos 37 projetos de logística levantados por Fleury, 32% tiveram o cronograma prorrogado e apenas 14% foram concluídos. Em apenas 3% dos casos, o governo conseguiu antecipar a conclusão da obra.