Reestruturar a cadeia de ovinocultura no Paraná é um desafio que criadores e o governo têm pela frente. Recentemente, representantes da cadeia produtiva e do Estado se reuniram no município de Guarapuava, região com maior concentração desses animais no Paraná, para debater como comercializar a lã e a carne de animais mais velhos, capacitar mais técnicos e buscar melhoramento genético, entre outros pontos.

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Com um rebanho de 540 mil cabeças, o Paraná é o sexto estado brasileiro em número de carneiros e ovelhas, atrás do Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco.

Um dos principais problemas enfrentados pelo setor é dar destino à lã do carneiro, pois, com a inclusão do tecido sintético, o material perdeu espaço no mercado.

“A lã hoje está nas mãos de intermediários. Os produtores geralmente não recebem nada pelo produto, pois é dado em troca dos serviços de tosquia”, lamenta o zootecnista e coordenador estadual do Programa de Apoio à Estruturação das Cadeias Produtivas de Ovinos e Caprinos da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), José Antônio Garcia Baena.

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A Seab está iniciando a coordenação de um projeto – junto com a Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar), Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar) e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) – para reativar esse comércio, a fim de que os produtores consigam ao menos ter lucro com a lã.

A ideia desse trabalho é que haja um espaço para classificação, armazenamento e prensagem da lã para, posteriormente, comercializá-la. “Esse estudo ainda não está concluído. Existe uma proposta de trabalhar em conjunto com as prefeituras municipais, mas nada definido. Esperamos que até outubro já tenhamos algo concreto”, diz.

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O coordenador acredita que o mercado de ovinos tende a melhorar, pois a carne paranaense é de boa qualidade e tem boa aceitação. “Já existem cooperativas trabalhando para fortalecer ainda mais o ovino daqui. O rebanho cresceu nos últimos três anos, tanto em Guarapuava quanto em outros locais do Estado. Já tivemos uma das melhores genéticas de ovinos e vamos trabalhar firme para recuperar esse título. Isso sem contar que existe um bom mercado nacional para se comercializar a carne de carneiro”, afirma Baena.

Além disso, segundo o zootecnista, o Estado está investindo na capacitação de técnicos para trabalhar com ovinos. “Fizemos recentemente a capacitação desse pessoal. Como a demanda tem sido grande, estamos estudando a viabilidade de promover mais um curso. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem sido um grande parceiro, realizando trabalhos junto aos ovinocultores.”

Outra iniciativa voltada ao setor é a realização de cursos de gourmet, treinamento de pessoas especializadas no corte da carne de cordeiro e readequação de frigoríficos.

Criadores querem incluir cordeiro na merenda escolar

Seab/Divulgação
“Já tivemos uma das melhores genéticas de ovinos e vamos trabalhar firme para recuperar esse título.”

Para o produtor e presidente da Associação Paranaense de Ovinos (Ovinopar), Conrado Ernesto Rickli, embora o mercado tenha oscilado bastante, o momento atual tem sido bom para o ovinocultor.

“As cooperativas têm se esforçado para melhorar as condições dos produtores de carneiros, pois, por ser uma produção sazonal, estamos encontrando um meio para trabalhar com datas diferentes e garanti,r a carne para o ano todo”, revela.

Rickli diz que o encontro em Guarapuava com o vice-governador Orlando Pessuti foi bem proveitoso e que os produtores saíram satisfeitos.

“No que diz respeito ao comércio da lã, a saída apresentada foi bem interessante. Mesmo que o lucro seja pequeno, ainda há um lucro, algo que não ocorre hoje.” Entre as alternativas para fomentar o comércio da carne de carneiro mais velho, que tem valor e qualidade inferiores às do animal novo, está o processamento na forma de hambúrguer, linguiça, almôndega e empanados, incluindo o produto na merenda escolar. “É uma carne saborosa e nutritiva”, garante o criador.

O setor já passou por sérios problemas no passado, devido principalmente à falta de articulação. Atualmente, porém, a situação é mais tranquila – ainda que algumas arestas ainda tenham de ser aparadas.

“Estamos mais fortes atualmente. Obtemos um preço de venda melhor do que a carne bovina, por exemplo, e temos o foco de produção voltado ao mercado interno, principalmente no Estado de São Paulo. O único problema que enfrentamos hoje é com os abates e matadouros clandestinos. O pessoal deve se conscientizar de que não pode comprar essa carne sem inspeção, geralmente de qualidade inferior”, alerta o presidente da Avinopar.