Otimismo derruba projeções de inflação

Brasília – Numa semana de acentuada melhora no humor do mercado financeiro diante da evolução positiva dos principais indicadores da economia brasileira, bancos e analistas reduziram, pela segunda vez consecutiva, sua expectativa de inflação para 2003. De acordo com a pesquisa que o Banco Central (BC) realiza semanalmente entre instituições financeiras e empresas de consultoria -concluída na sexta-feira -, a previsão do mercado é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2003 fique em 12,22%. Embora ainda alta, a projeção ficou ligeiramente abaixo da expectativa média da semana anterior, que apontava uma inflação de 12,26% para este ano.

Para abril, as instituições ouvidas pelo BC apostam que o IPCA, índice utilizado pelo governo no programa de metas de inflação, deverá ter alta de 0,70%, a mesma projeção da pesquisa anterior. Com relação a março, a aposta do mercado é de que o IPCA deve ter variado 0,95%, pouco acima da estimativa anterior de 0,90%. Para 2004, a projeção média ficou em 8%.

Outro sinal positivo captado na pesquisa se refere à projeção de inflação para os próximos 12 meses. A estimativa média do mercado é de que o IPCA alta de 9,57%, abaixo, portanto da projeção anterior de 9,64%. Há quatro semanas, a projeção de IPCA para 12 meses era de 11,01%.

A queda acentuada da taxa de câmbio nos últimos dias também reduziu a projeção para o dólar, que agora é de R$ 3,50 para o final do ano. No levantamento anterior, a estimativa era de uma taxa de R$ 3,55 no fim de 2003. Para o final de 2004, a projeção se manteve em R$ 3,70 por dólar.

Apesar da melhora das projeções para a inflação e para o câmbio, o mercado ainda emite sinais de cautela e não aposta numa redução tão cedo das taxas de juros. Prova disso é que a estimativa para a taxa Selic no fim de 2003 e de 2004 permaneceram em 22% e 18%, respectivamente.

Dívida pública

O otimismo, entretanto, prevalece para a maioria dos indicadores. A relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), um dos principais indicadores de solvência da economia, deve corresponder, no final deste ano, a 55,8% do PIB, segundo a expectativa do mercado. A estimativa anterior era de 56%. Para 2004, a previsão recuou de 54,25% para 54%. A queda reflete a expectativa de que o endividamento público será mais fácil de manejar.

Continuaram melhorando também as previsões para o saldo da balança comercial. A estimativa mais recente para 2003 é de superávit de US$ 16,4 bilhões, ante US$ 16,2 bilhões da pesquisa anterior. Para 2004 a estimativa é de um saldo positivo de US$ 16,5 bilhões, pouco acima da projeção anterior de US$ 16,38 bilhões.

O aumento do superávit comercial esperado contribuiu para a redução da estimativa de déficit em transações correntes, conta que inclui também as transações com o exterior na área de serviços. O déficit estimado para este ano caiu de US$ 4 bilhões para US$ 3,95 bilhões. Para 2004, a expectativa de déficit continua em US$ 4,65 bilhões.

Na área fiscal, o mercado permaneceu sintonizado com a meta oficial, acreditando que o setor público consolidado irá fechar as contas de 2003 com um superávit primário (arrecadação menos despesa, exceto juros) equivalente a 4,25% do PIB. Para 2004, a estimativa continua em 4% do PIB. Tampouco mudou a previsão de ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia: US$ 13 bilhões em 2003 e US$ 15 bilhões em 2004. A previsão do crescimento da economia também não mudou. De acordo com a pesquisa, o PIB crescerá 1,97% este ano e 3% em 2004.

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