Os investidores globais estão “levemente” mais otimistas com a economia e com o mercado acionário, mas as consequências da guerra comercial entre Estados Unidos e China preocupa, mostra estudo realizado em 18 países pelo banco suíço UBS e obtido com exclusividade pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
No terceiro trimestre de 2019, 61% dos entrevistados demonstraram confiança em suas próprias economias nos próximos 12 meses, ante 59% no segundo trimestre. Em relação às perspectivas para a economia global, 53% se mostraram confiantes, ante 51% no período anterior. Já sobre o mercado de ações de seus países nos próximos seis meses, 56% estavam otimistas no terceiro trimestre, um ponto porcentual a mais do que no trimestre anterior.
Apesar da oscilação positiva no otimismo, o estudo do UBS também apontou que 73% dos investidores globais estão preocupados com a volatilidade do mercado devido aos efeitos da guerra comercial sino-americana, que já dura mais de um ano. Como consequência desses temores, 34% dos entrevistados disseram que estão guardando dinheiro. As reservas de caixa, inclusive, oscilaram 1% para cima no terceiro trimestre e corresponderam a 27% dos portfólios dos entrevistados.
“Temores geopolíticos como a guerra comercial estão colocando o otimismo do investidor em xeque. Há uma dicotomia no sentimento – investidores estão mantendo grandes saldos em dinheiro no modo de espera, embora quase 50% prevejam retornos mais altos do mercado de ações nos próximos seis meses”, analisou a diretora de Estratégia de Clientes da UBS Global Wealth Management, Paula Polito.
Nos Estados Unidos, o otimismo dos investidores em relação a sua própria economia nos próximos 12 meses permaneceu inalterado do segundo para o terceiro trimestre de 2019. No entanto, a confiança no mercado de ações nos próximos seis meses caiu de 53% para 50% no período.
Além disso, 60% dos norte-americanos ouvidos pelo UBS demonstraram preocupação com a política, em um momento em que o presidente Donald Trump enfrenta um processo de impeachment, aberto na Câmara dos Representantes, por ter supostamente pressionado o mandatário da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, a investigar o filho do democrata Joe Biden, ex-vice presidente e possível adversário de Trump nas eleições presidenciais de 2020.
O otimismo dos investidores europeus com a economia nos próximos 12 meses também não sofreu alterações no período, mas a confiança no mercado acionário nos próximos seis meses, por sua vez, recuou de 53% para 50%, mesmo patamar dos EUA. No Reino Unido, as maiores preocupações são a política em geral, citada por 51% dos entrevistados, e o Brexit em específico, apontado por 49%.
Já na Ásia, o estudo do banco suíço identificou um recuperação do sentimento sobre a economia local no terceiro trimestre, com 68% de otimismo, ante 60% no trimestre anterior. A confiança no mercado acionário também aumentou no período, de 56% para 61%. No entanto, a quantidade de dinheiro em caixa mantida pelos investidores asiáticos oscilou dois pontos porcentuais para cima no período, para 34%.
“Tensões comerciais ajudam a explicar um pouco dessa cautela, com a guerra comercial se mantendo como a maior preocupação para os investidores asiáticos, apontada por 45% dos entrevistados”, analisou o UBS em relatório.
Pesquisa
O UBS realizou a pesquisa com 4.626 investidores e empresários com pelo menos US$ 1 milhão em ativos investidos (no caso de investidores) ou pelo menos US$ 250 mil em receita anual e pelo menos um funcionário (para os empresários), de 19 de setembro a 13 de outubro de 2019.