Todo Salão do Automóvel é uma espécie de laboratório para as montadoras mostrarem suas apostas, seja em design, tecnologia, combustível e materiais. O evento deste ano, aberto ao público na quinta-feira, no Anhembi, em São Paulo, abusa dos chamados carros-conceito – veículos excêntricos, cuja missão é mostrar como será o carro do futuro, alguns deles nem tão distante.

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Carro que dirige sozinho, que se guia de acordo com o movimento do corpo do ocupante, carro feito com produtos naturais, movido a hidrogênio e com um drone como acompanhante são algumas das atrações do salão que poderão ser vistas até o dia 9. “Os conceitos são como um laboratório do que pode se tornar viável”, define Fabien Darche, do Centro de Estilo PSA Peugeot Citroën.

A aposta da PSA para este salão foi o uso de materiais renováveis que resultou na criação do Peugeot 208 Natural. O modelo parece feito de barro, mas é real. Ele recebeu tinta mineral à base de terra, bancos em couro bovino e aplicações em couro de Pirarucu, detalhes do volante, do freio de mão e da alavanca de câmbio com revestimento de pele de Salmão, entre vários outros produtos naturais.

O 208 Natural tem vários componentes feitos com peças recicladas da indústria aeronáutica – numa parceria com a Embraer. Em toda sua composição, o automóvel tem 68 quilos de “material verde”, enquanto o 208 normal tem 20 quilos.

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“Várias das receitas usadas nesse conceito já estão sendo testadas para uma aplicação mais ampla, talvez na próxima geração de modelos do grupo”, afirma Darche.

Drone. A Renault traz o utilitário Kwid, que tem como acessório um drone que acompanha o carro e informa sobre problemas de trânsito e obstáculos. O volante fica no centro do carro e o motorista dirige entre os passageiros da frente. As portas se abrem em forma de asas.

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A Toyota escolheu a eficiência energética e a alta tecnologia como tema dos carros-conceito que apresenta no salão. O FV2, para um passageiro, não tem volante. É comandado por movimentos do corpo do motorista. “Se ele se move para a esquerda ou direita, o carro vira, se vai para a frente, acelera, para trás, freia”, explica Ricardo Bastos, gerente-geral da empresa. “É um projeto de mobilidade urbana, prático, simples, com tecnologia que permite conexão com outros carros, obtenção de informações em tempo real do tráfego e avisos antecipados sobre veículos em pontos cegos e cruzamentos.”

Se o FV2 é uma aposta para o futuro, o FCV, movido a hidrogênio, começará a ser vendido em 2015 no Japão e nos Estados Unidos. Ele é movido pela energia elétrica proveniente da reação eletroquímica entre hidrogênio e oxigênio. No lugar do escapamento há uma válvula que libera apenas água.

“Boa parte da tecnologia dos conceitos é implementada nos carros depois de algum tempo”, afirma Gerold Pillekamp, gerente de produto da Audi. A marca trouxe para o salão o minicarro Audi-urban elétrico, para dois passageiros.

O manuseio da porta é feito pelo movimentos da mão do proprietário. Se ele move a mão para a direita, ela abre, para esquerda, fecha. As mãos são reconhecidas após gravação de digitais em um sistema do carro. Os faróis são de LED e a laser.

Entre os conceitos da marca que já estão na rua, Pillekamp cita o R8, modelo mais caro da marca (custa entre R$ 876 mil e R$ 921 mil). Ele apareceu pela primeira vez no salão de 2000, como carro de corrida.

Sem motorista. A Volvo apresenta um carro autônomo, que anda sem motorista. O sistema chamado de “Drive-Me” está instalado num sedã S60, que em novembro será testado em um condomínio de São Paulo, segundo o presidente da marca, Luiz Rezende. Em 2017, 100 unidades do carro que dirige sozinho em boa parte do trajeto serão usados na cidade de Gotemburgo, na Suécia. O sistema do carro se baseia nas faixas do asfalto para se locomover.

Também há carros apresentados como conceito pelas fabricantes, mas que, de fato, logo chegarão às ruas. Um deles é o utilitário-esportivo da Nissan, o Kicks, que será produzido em Resende (RJ), e o outro é a picape cabine dupla Duster Oroch, da Renault, com produção prevista para São José dos Pinhais (PR) em até dois anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.