Já sei!
Você é um daqueles que diz: – Financiamento? Nem pensar! Deus me livre!
Ou você faz o gênero “Dívida não é para ser paga, é para ser rolada” ou “devo, não nego, pago quando puder”?
Digo isto porque sobre a questão crédito, existem duas correntes: ou você ama, ou odeia.
Se você ama, sabe que tem de manter sua empresa em dia com impostos, credores etc. porque senão adeus crédito.
Mas, se você tem arrepios quando ouve falar em empréstimos, são dois os principais motivos:
Orgulho:
Você é um sujeito orgulhoso, que pensa ser um demérito ter que aportar capital externo aos cofres de sua empresa para mantê-la funcionando ou para fazê-la crescer. Acredita mesmo, que estará demonstrando toda sua incapacidade de gerir seus negócios.
Também pode ser um orgulho cultural, que você seja tradicionalmente contra ser tomador de crédito, seu avô nunca foi, tampouco seu pai, porque você seria?
Ou será que é porque você nega-se terminantemente a pagar juros a terceiros. Orgulho por não ter todo o capital necessário?
Impossibilidade:
Você é um tomador compulsivo, está totalmente alavancado, ou seja, 70% do total de ativos da empresa estão comprometidos para pagamento de suas dívidas.
Seu negócio é ou está inviável economicamente. Seu ramo de atividade por uma situação conjuntural e/ou mercadológica encontra-se desacreditado e as instituições financeiras não têm interesse em financiá-lo.
Ou será que você tem restrições cadastrais na praça, em nome de Pessoa Jurídica ou Pessoa Física? Pode ser que o que lhe falte seja um bom avalista. Não quer dar o braço a torcer, admitindo isto ou tornando o fato público, não é mesmo? Então é melhor dizer que não quer ou não precisa.
Vamos pensar por que surgiram e para que servem as linhas de crédito sem, no entanto, fazer-lhes apologia.
Quem de nós não conhece um parente, um conhecido que diga desolado:
É, naquela ocasião perdi um excelente negócio. Mas fazer o quê, se eu não tinha o dinheiro?
Pode ser um terreno, uma casa, uma vaca, mercadorias ou a uma empresa, o objeto de desejo ao qual esta pessoa se refere. Seja lá o que for, poderia ter gerado lucro e é exatamente isto que todos procuram ao fazer negócios.
Com certeza, se ele tivesse conseguido socorro financeiro a juros menores que os do desconto obtido na compra do seu objeto de desejo, ele teria feito o negócio que tanto desejava.
O que fazer então?
Já diria sua Santidade, o Dalai-Lama, que devemos procurar o caminho do meio.
No caso do empresário, de qualquer porte, não tomador de empréstimos, que classificamos como o orgulhoso, o ideal é fazer uma análise mais acurada do seu negócio, colocar na balança os prós e os contras, analisar criteriosamente as condições do empréstimo/financiamento disponível, assim como taxas, prazos, tarifas e nunca, nunca mesmo, perder um bom negócio, apenas por gerir sua empresa com paradigmas não mensuráveis.
Já a situação do tomador impossibilitado por que está com sua capacidade de crédito totalmente utilizada, este terá que rever a situação, analisar a viabilidade de sua empresa de forma mais integral, para que esta não chegue a uma situação de insolvência.
Da mesma forma deverá proceder aquele cujo negócio está inadequado à realidade, caminhando também para uma situação de dificuldade financeira, porque neste caso o empréstimo criará uma ilusão de sobrevivência que não necessariamente se concretizará. Neste caso terá apenas mais uma dívida para pagar.
Se o problema for a dificuldade de cadastro da empresa, sócios e/ou avalistas, só resta um caminho: regularização. Tributos federais podem ser renegociados com os órgãos competentes. Títulos e outros papéis de terceiros poderão também ser renegociados com os credores, solicitando baixa nos sistemas restritivos ao crédito.
Lembre-se que muitos analistas de crédito das instituições financeiras podem entender que uma vez regularizada(s) a(s) pendência(s), a empresa readquire o crédito, mas não reabilita a idoneidade. Portanto, dentro do possível, mantenha os compromissos em dia.
E, de toda forma, gostando ou não de operar com linhas de crédito, mantenha junto ao seu banco, seu cadastro atualizado.
Nunca se sabe.
Joana Del Guercio
é consultora em Finanças Pessoais, realizando cursos e palestras abertas ou in company. Jornalista e gerente de banco por 4 anos, quando adquiriu a experiência que pauta seus artigos.E-mail: joanaguercio@hotmail.com