Ao mesmo tempo que os deputados do DEM e do PSDB obstruem o início da votação do parecer sobre o projeto de capitalização da Petrobras, na comissão especial, os oposicionistas aproveitam para criticar pontos dos quatro projetos de lei que estabelecem o marco regulatório para a exploração da camada do pré-sal. A impossibilidade de uso do dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) no processo de capitalização da Petrobras foi um dos pontos mais atacados.

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“O governo, de forma absurda, tira a possibilidade daquele que comprou ações (em 2000) fazer agora da mesma forma”, disse Márcio Junqueira (DEM-RR), defendendo requerimento apresentado por seu colega José Carlos Aleluia (DEM-BA), que pede a retirada da votação do parecer sobre a capitalização da Petrobras da pauta da comissão especial que analisa o projeto.

Em 2000, o governo Fernando Henrique Cardoso permitiu que os trabalhadores com recursos no FGTS usassem parte do dinheiro para comprar cotas de um fundo de investimentos em ações da estatal. Durante a tramitação do projeto de lei que estabelece o processo de capitalização da empresa, diversas entidades, incluindo a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa) de São Paulo, apoiaram a ideia de permitir que aqueles que compraram ações em 2000 pudessem voltar a usar o dinheiro do FGTS na capitalização prevista no marco regulatório do pré-sal. Pressionado pelo Palácio do Planalto, o relator João Maia (PR-RN) acabou desistindo de incluir essa possibilidade em seu parecer.

O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) defendeu o adiamento da votação do relatório de Maia por conta da reunião que será realizada no início da noite de hoje entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores do Rio de Janeiro e Espírito Santo para discutir a divisão de royalties, tema incluído no projeto sobre o modelo de partilha. Para o tucano, se o projeto sobre a partilha é o “ponto nevrálgico” do novo marco, a discussão sobre a capitalização da Petrobras deveria ser feita somente depois do encontro do presidente Lula com Sérgio Cabral (RJ) e Paulo Hartung (ES).

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O parecer sobre a capitalização da Petrobras é um dos dois que ainda não foram votados pelas comissões especiais instituídas para analisar os projetos encaminhados pelo Palácio do Planalto ao Congresso no início de setembro. O segundo é o que estabelece o modelo de partilha na área do pré-sal, de autoria do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que deve ser votado na noite de hoje.