Após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 10, que registrou alta de 5,91% ante 5,84% no ano anterior, a oposição na Câmara dos Deputados classificou de “desequilibrada” e de “incompetente” a gestão da economia no País e criticou o governo por não atingir o centro da meta, de 4,5%. Lideranças oposicionistas ouvidas pelo Broadcast Político, serviço de informações da Agência Estado, avaliaram que o avanço inflacionário influenciará no processo eleitoral deste ano, principalmente em razão da alta dos preços de alimentos.
“O governo abriu mão do rigor do combate à inflação”, criticou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG). “O sistema de metas inflacionárias se concentra no centro, e o governo Dilma se acomodou em conviver com a inflação batendo sempre na trave do limite superior”. O teto da meta é de 6,5%. No mês de dezembro, o índice subiu 0,92%, ante uma variação positiva de 0,54% em novembro.
“Você ter um processo inflacionário para os setores de mais baixa renda do Brasil é tremendamente preocupante e muito acima de qualquer centro de meta”, acrescentou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP). “A sociedade começa a ver o desequilíbrio e a incompetência na gestão da economia do País.”
A alta dos alimentos foi lembrada por oposicionistas como um fator que tende a trazer um impacto negativo aos planos de reeleição da presidente Dilma Rousseff neste ano, por afetar diretamente um eleitorado no qual o PT tem forte inserção. Segundo O IBGE, o grupo Alimentação e Bebidas foi o principal destaque IPCA em 2013, com alta de 8,48% e impacto de 2,03 pontos porcentuais.
“Não é nada extraordinário dizer que a economia terá um impacto muito significativo no processo eleitoral. Se a economia vai bem, a tendência é que o governo do turno tenha melhores condições na disputa e, se vai mal, isso ajuda no desempenho das oposições”, disse Freire.
Gargalos
Para a oposição na Câmara, o resultado do IPCA também mostra que o governo não conseguiu conter o avanço dos preços apenas com o aumento da taxa de juros. “É preciso que a política fiscal e o aumento da competitividade e da eficiência da economia ajude a economia a diminuir seus custos e praticar preços que levem a um processo de inflação mais baixo e civilizado”, concluiu.
Roberto Freire, do PPS, disse por sua vez que problemas de “estrangulamento na infraestrutura” também impactam o índice. “Isso aumenta custos, que aumenta todo o processo produtivo. Infelizmente temos um governo tremendamente incompetente”.