O Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência (PPD) da Agência do Trabalhador colocou 968 pessoas no mercado de trabalho em 2003. Para o coordenador do PPD, Simão Stczaukoski, os números alcançados pela ação são uma vitória. ?Temos muitos obstáculos no trabalho com os deficientes, como a falta de qualificação e de cultura de empregabilidade das pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho paranaense, mas mesmo assim atingimos a nossa meta?, comemora.

Everson Ferreira de Souza, 21 anos, é deficiente físico e beneficiário do programa. ?Em novembro fui encaminhado a uma empresa de materiais de construção e consegui o emprego com o auxílio do PPD?, declara Everson. Essa foi a segunda vez que Everson foi a Agência do Trabalhador e procurou o PPD. ? Na primeira vez também consegui um emprego. Sempre sou bem atendido?, elogia.

Apesar de ter como objetivo colocar pessoas deficientes no mercado de trabalho, o PPD hoje tem focado sua ação no atendimento e orientação do público. ?Eles chegam aqui sem saber como se comportar numa entrevista para emprego e sem qualificação, então nosso trabalho é muito mais de assessoria do que de colocação efetiva?, explica Simão.

Em 2003, 2.705 vagas foram ofertadas e 3.776 deficientes se inscreveram no PPD. ?Temos as vagas, mas não temos pessoas qualificadas para enviar às empresas?, constata.

Segundo dados da pesquisa ?Retratos da Deficiência no Brasil?, elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Fundação Banco do Brasil, 13,57% da população paranaense portam alguma deficiência. Ainda de acordo com a pesquisa, lançada no dia 16 de outubro de 2003, estão em idade ativa, entre 15 e 65 anos, mais de 900 mil pessoas.

Simão explica porque essas pessoas não estão trabalhando. ?Primeiro é preciso ponderar quantas não estão aptas ao mercado de trabalho, por exemplo, aquelas que sofrem de múltipla deficiência e não podem se locomover sozinhas?, diz ele.

Além disso, segundo o coordenador, a idade é um fator a ser analisado. ?Antes dos 18 e depois do 50 anos é muito difícil conseguir uma colocação no mercado de trabalho em geral e esse aspecto também vale para os portadores de deficiência?, lembra Simão.

Além dos problemas geralmente relacionados ao mercado de trabalho, ele também aponta o desrespeito a legislação por parte das empresas como causa de não empregabilidade. A lei de cotas, vigente desde 1999, diz que as empresas devem incorporar ao seu quadro de funcionários um certa porcentagem de deficientes. Essa quantidade depende do número de empregados. A pesquisa da FGV e da Fundação do Banco do Brasil afirma: que a adequação das empresas aos termos fixados em lei imporia a criação de mais de 500 mil novos postos formais de trabalho, em todo o País.

O programa

O Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência é uma iniciativa da Agência do Trabalhador e da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP) de atendimento personalizado a esse público. O PPD é responsável pela recepção e cadastro das pessoas deficientes que procuram as Agências do Trabalhador em todo o Estado.

Além de ter acesso às vagas de emprego das Agências, o usuário do PPD também pode freqüentar cursos de qualificação ofertados pela SETP e parceiros como o Sesc e o Senac. O programa também oferece orientação sobre mercado de trabalho, entrevista de emprego e apresentação pessoal.

O PPD faz parte da política de promoção social através da geração de emprego e renda da SETP. Segundo o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann, o emprego é a forma fundamental de inserção social.

?Não dá para falarmos em dignidade sem falar em oportunidade de emprego, de trabalho?, defende. ?Esse tipo de trabalho é que efetivamente contribui para o desenvolvimento social não apenas das pessoas com deficiência, mas também das empresas que os acolhem como trabalhadores capazes e eficientes?, completa.

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