?Opep do gás? não entrou em discussão

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula entre os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Michelle Bachelet (Chile), e outros chefes de Estado.

Isla Margarita – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem à tarde, na Venezuela, que não se discutiu, na 1.ª Cúpula Energética da América do Sul (encerrada ontem), a criação do Banco do Sul nem a formação da chamada ?Opep do gás?. Em relação a ambas as propostas -lançadas pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez -, Lula indicou que manterá a cautela e também alguma contrariedade com os modelos propostos.

 O presidente brasileiro afirmou, em entrevista coletiva à imprensa, que, antes de tudo, é preciso se definir o que será esse banco. ?Ele é um banco com a finalidade do FMI? Com a finalidade do Banco Mundial? Com a finalidade do BNDES??, questionou. ?Primeiro, temos de definir por que queremos um banco, qual sua finalidade, para depois saber dizer se compensa participar, ou não?, completou.

Lula insistiu em esclarecer que não houve nenhum discussão, durante os encontros da cúpula, sobre a formação da ?Opep do gás? e informou que esse tema não consta da declaração final assinada pelos chefes de Estado sul-americanos participantes da reunião. Ele se mostrou aborrecido com o anúncio, feito na manhã de ontem, pelo ministro de Energia da Bolívia, Carlos Villegas, de que o Brasil teria pedido para ingressar nesse organismo. ?Como somos presidentes, livres e democratas, cada um fale o que quiser pelos corredores?, disse.

Conselho

A I Cúpula Energética Sul-Americana aprovou a criação de um conselho energético, que acompanhará o desenvolvimento dos acordos regionais nesta matéria, informaram, ontem, os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Colômbia, Álvaro Uribe.

?Foi uma reunião de cúpula perfeita. Todos ficaram muito contentes (…) Foi aprovada a criação de um conselho energético sul-americano?, declarou o governante venezuelano e anfitrião do encontro, após finalizar a reunião plenária dos presidentes.

Biocombustível não compete com alimentos

O presidente Lula voltou a afirmar, ontem, na Venezuela, que a produção de biocombustíveis será uma boa saída para as economias mais pobres do mundo e defendeu a tese de que não existe competição entre a produção de alimentos e a de insumos para os biocombustíveis. ?Ou seja: ninguém vai deixar de plantar feijão para plantar biocombustíveis. Ninguém vai deixar de plantar arroz para plantar biocombustíveis.

Lula deixou a Venezuela ontem à tarde e embarcou de volta ao Brasil – oportunamente, antes da entrevista coletiva dos demais presidentes à imprensa, conduzida pelo venezuelano, Hugo Chávez, após o encerramento da cúpula.

O presidente brasileiro afirmou, e repetiu, que o resultado dessa primeira reunião de presidentes da América do Sul para tratar da integração energética foi ?extraordinária?. ?Nós consolidamos a união da América do Sul. Nós criamos uma secretaria permanente e, pela primeira vez, fizemos uma discussão muito forte sobre a integração energética.?

Lula afirmou ainda que o potencial energético da América do Sul é equivalente a todas as reservas de petróleo existentes no mundo, referindo-se ao somatório do potencial de produção de gás, petróleo, biodiesel e energia hidráulica e eólica.

Chávez diz a Lula que não é contra o álcool combustível

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, minimizou ontem as diferenças sobre o álcool entre ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de os dois terem divulgado declarações contrastantes sobre o tema antes de um encontro regional sobre energia. Chávez, que tem sido um duro crítico da aliança entre Brasil e Estados Unidos para promover o combustível nas Américas, disse a Lula que a Venezuela tem interesse nas importações do produto feito no Brasil.

?Não somos contra os biocombustíveis?, disse Chávez, anfitrião na cidade de Porlamar, em Isla Margarita, de um encontro de dez líderes da América do Sul. ?Lula, eu te peço para que nos venda pelo melhor preço possível?, afirmou o presidente venezuelano.

Antes da cúpula, Chávez havia afirmado que a produção em larga escala de álcool poderia aumentar a fome no mundo, enquanto Lula rebateu dizendo que havia áreas agricultáveis suficientes para produzir energia e alimentos.

Chávez também minimizou a questão do álcool se constituir em um concorrente para o petróleo, principal fonte de divisas da Venezuela, dizendo o país vai manter compras de etanol brasileiro para substituir a gasolina.

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