Sem chefe

Opção pela informalidade ainda é grande no Paraná

Com o Paraná batendo recordes na contratação de trabalhadores, ainda é grande o número de pessoas que optam pela informalidade. Seja pela liberdade sem interferência de chefes ou pela autonomia de horários, muitos deixam de lado benefícios como planos de saúde, plano dentário e carteira assinada.

Um exemplo é o vendedor ambulante Márcio Alves de Oliveira, que há três anos comercializa produtos diversificados nos sinaleiros de Curitiba. Depois de quatro anos com um emprego fixo na estrutura da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, Oliveira resolveu abandonar a vaga e tentar outra coisa.

Ao vir para a capital paranaense, começou vendendo refrigerantes. Com o tempo, foi variando os produtos e, dependendo da época, ele vende bolas, guarda-chuvas, carregadores de celular e raquetes elétricas para matar mosquitos. “Fiz uma pesquisa sobre os tipos de carregador de celular e procuro manter a diversidade para todos os tipos de clientes”, conta.

Com horário de trabalho maleável, geralmente ele fica nos sinaleiros das 10h às 17h. Com estratégia própria, ele designou meta de venda de 20 produtos por dia. “Eu sou meu próprio patrão. Claro que tenho responsabilidade porque sei dos meus compromissos, das contas que tenho que pagar e assim vamos à luta”, define o vendedor.

A simpatia é arma importante para o negócio. “O cliente também pode encomendar um carregador específico, como para iPhone. Eu planejo para trazer no dia seguinte, porque a maioria passa pelo mesmo lugar todos os dias, a caminho do trabalho”, relata Oliveira.

Da roça para a cidade

O também vendedor João Renechek, de 54 anos, avalia que está em uma situação bem melhor daquela que enfrentava no interior do Estado, vendendo casquinha, suspiros e outros doces ou carregadores de celular. “Antes eu trabalhava na roça, no município de Diamante d´Oeste (região oeste) e praticamente pagava para trabalhar com investimentos em semente, adubo, inseticida. Aqui faço meu horário de trabalho”, compara.

Mas nem todo mundo quer continuar na atividade. A jovem Evelin de Azevedo Silva, de 22 anos, há cinco anos vendedora nos sinaleiros, planeja outros trabalhos. “Já distribuí currículos e estou vendo o que é melhor para fazer”, resume, enquanto vende balas em Curitiba.

Muitas vagas

Do outro lado, há mais de 17 mil vagas na Agência do Trabalhador esperando para serem preenchidas, 5,5 mil somente em Curitiba. Metade do total das vagas não exige experiência anterior.

Nos supermercados, por exemplo, a falta de mão de obra para funções como operador de caixa e empacotador tem preocupado o setor, que enfrenta dificuldades em atrair candidatos interessados.

Para o secretário estadual do Trabalho e Emprego, a opção pelo mercado informal é cultural da sociedade brasileira. “Temos uma questão que envolve escolhas que as pessoas fazem ao longo da vida. É um tema mais complexo. Em uma sociedade de mercado como a nossa, temos uma segunda economia, que é a informal e fruto de todo um contexto anterior”, avalia.

Outro problema é da fraude de alguns trabalhadores em relação ao seguro-desemprego. “Temos um problema a ser enfrentado relativo ao benefício do seguro-desemprego. Muitos trabalhadores que recebem o benefício vão, simultaneamente, para o trabalho informal”, reconhece Romanelli.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna