ONU teme politização do debate sobre etanol

O tom das declarações sobre as causas da inflação mundial de alimentos começou a preocupar o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no fim da tarde desta segunda-feira (02), na embaixada brasileira em Roma, Ki-moon revelou temor de que a ?excessiva politização? das posições apresentadas na cúpula tome lugar das soluções práticas para a crise. Ouviu de Lula que a posição brasileira será ?científica?, sem paixões e emoções.

Em conversas anteriores, o secretário-geral da ONU já demonstrou simpatia pela posição brasileira e revelou não ser uma visão generalizada do órgão apontar a culpa da inflação de alimentos diretamente para os biocombustíveis, apesar de mais de um relatório ligado às Nações Unidas ter batido na tecla. No entanto, Ki-moon pretende ver sair desse encontro do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) soluções práticas além do tiroteio entre as acusações ao etanol e aos subsídios agrícolas dos países ricos, a posição brasileira.

O governo brasileiro devolve a acusação de politização do debate para os acusadores. ?Para nós, excessiva politização são as pessoas que esquecem os subsídios agrícolas e o impacto do preço do petróleo e buscam nos biocombustíveis um fantasma para ser condenado?, disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao fim do encontro entre o presidente e Ban Ki-moon. ?Eu acho que o recado era para outros, os que ficam dizendo que os biocombustíveis causam o aumento de preços.?

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