A chamada economia verde – modelo de negócio em que as atividades são realizadas de acordo com padrões de sustentabilidade, com baixo nível de impacto ambiental – vai empregar um total de 2,3 milhões de pessoas até 2015, de acordo com dados apresentados hoje em São Paulo por Pavan Sukhdev, assessor especial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Segundo ele, 500 mil vagas (21,7% do total) serão ocupadas somente no Brasil, no setor de energia de biomassa, cujo carro-chefe é o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar.
“Os ‘empregos verdes’ já começaram a ser criados e são uma grande oportunidade, principalmente para países em desenvolvimento. É possível aprimorar o uso da economia para combater a pobreza”, afirmou Sukhdev, que também coordena o estudo internacional Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (Teeb, na sigla em inglês), encomendado pelos grupo dos países desenvolvidos e emergentes (G8+5).
Outro país citado nesse levantamento como promissor para os empregos verdes é a China, onde 10% da população já utiliza aquecedores solares nas casas. Esse mercado da energia solar permitiu a criação de 600 mil empregos, além de reduzir as despesas residenciais com energia e a queima de combustíveis fósseis, uma das principais fontes de gases causadores do efeito estufa.
Segundo Sukhdev, os investimentos mundiais no campo da economia verde aumentaram US$ 119 bilhões entre 2004 e 2009, o que contradiz, na sua avaliação, o argumento de que não existem recursos para projetos sustentáveis. “O financiamento é essencial, mas também precisamos de uma fase pré-financeira. Muitos bancos, por exemplo, não conhecem os mecanismos existentes para financiar tecnologias sustentáveis”, disse.
O assessor especial do Pnuma alertou sobre a necessidade de se preservar a biodiversidade e o meio ambiente, sob o risco de comprometer a subsistência de comunidades e atividades econômicas baseadas na exploração da natureza. Dados do Pnuma indicam que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil dependem dos “serviços ambientais”, termo utilizado para designar os serviços oriundos do equilíbrio dos ecossistemas, como a fertilidade dos solos e a qualidade das águas, essenciais para a agricultura. Na Índia e na Indonésia, esses índices são de 16% e 21% respectivamente.