ONU: desenvolver economia verde custa US$ 1,3 tri anual

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) afirmou hoje que são necessários US$ 1,3 trilhão por ano para transformar a economia mundial em uma economia verde, isto é, com baixos níveis de poluição ambiental e de consumo de recursos naturais. A quantia equivale a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) global e deveria ser destinada a dez setores estratégicos, como energia, transportes, construção e agricultura.

A recomendação faz parte do relatório “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza”, divulgado hoje pelo Pnuma na abertura do Fórum Global de Ministros do Meio Ambiente, que acontece em Nairóbi, no Quênia. Na proposta apresentada hoje, o órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que a mudança no perfil econômico dos países terá a capacidade de elevar o crescimento da economia global a níveis maiores que os atuais, por meio da criação de empregos e diminuição de prejuízos por crises e falta de recursos.

Os setores prioritários para investimentos, segundo o Pnuma, são o de energia (US$ 360 bilhões), transportes (US$ 190 bilhões) e turismo (US$ 135 bilhões), por serem grandes responsáveis pela emissão de gases causadores do aquecimento global, além de consumir muitos recursos.

No caso dos transportes, por exemplo, o Pnuma lembra que os prejuízos com poluição do ar, acidentes e congestionamento podem atingir 10% do PIB de um país ou região afetados por esses problemas. O relatório aponta como saída os investimentos pesados em transportes públicos e o desenvolvimento de combustíveis e veículos menos poluentes.

O documento, elaborado em colaboração com economistas e especialistas de todo o mundo, afirma que o investimento anual de US$ 190 bilhões até 2050 no setor de transportes pode reduzir a utilização de petróleo em 80% em relação à situação atual – elevando a taxa de emprego em 6%, sobretudo na expansão dos transportes públicos.

O estudo do Pnuma também procurou contrapor a ideia de que investimentos em sustentabilidade aumentam as despesas. O relatório cita como exemplo positivo o caso do Brasil, onde a reciclagem gera retornos de US$ 2 bilhões por ano, ao mesmo tempo em que evita a emissão de 10 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa.

Subsídios

O Pnuma lembra que entre 1% e 2% do PIB global são destinados para subsídios considerados “insustentáveis”, como o petróleo e outros combustíveis fósseis, que podem desaparecer no futuro. “A aplicação inadequada de capital está no centro dos atuais dilemas do mundo e há medidas rápidas que podem ser tomadas, começando hoje”, afirmou Pavan Sukhdev, diretor da iniciativa Economia Verde, ao apresentar as propostas.

O estudo atribuiu aos governos locais a responsabilidade pelo desenvolvimento de políticas públicas inovadoras e capazes de viabilizar os investimentos. No entanto, o estudo sugere que a maior fatia dos recursos seja oriunda da iniciativa privada, e apenas complementada por montantes menores do dinheiro público.

“É evidente que devemos continuar a desenvolver e a fazer crescer as nossas economias. No entanto, esse desenvolvimento não pode acontecer à custa dos próprios sistemas de apoio à vida na terra, dos oceanos e da atmosfera que sustentam as nossas economias e, por conseguinte, as vidas de todos nós”, defendeu Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma.

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