O braço para o desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU) fez ontem uma forte crítica à política monetária adotada por países como o Brasil. Em relatório distribuído em todo o mundo, a entidade afirma que as taxas de juro cobradas na América Latina são “consideravelmente elevadas” e que os bancos centrais da região “são exclusivamente focados no controle da inflação”, comportamento que prejudica o crescimento econômico dos países. No documento, as projeções de crescimento da economia em 2008 mostram desaceleração, inclusive nos países emergentes.
No estudo, economistas da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) afirmam que os juros dos países latino-americanos provocam baixas taxas de investimento. Isso fez com que a região crescesse em ritmo menor que o observado em outros locais nos últimos 20 anos. Em 1998, por exemplo, o juro real girava em torno de 20% na América Latina. Naquele ano, a economia da região cresceu perto de 2,5%. Na Ásia o juro estava em torno de 5% e a economia avançou quase 10% no mesmo período.
O texto não cita o aumento dos juros iniciado em abril pelo Banco Central (BC) do Brasil. Mas a projeção para o crescimento da economia nacional já embute o aperto monetário. Para a entidade, o País deve crescer 4,8% em 2008, abaixo dos 5,4% de 2007. Em contraponto à estratégia dos países latino-americanos, a Unctad elogia a Ásia, onde são cobrados “juros baixos e há intervenção do governo nos mercados financeiros”. Para a entidade, essa ação gera forte crescimento da economia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.