Após fracas chuvas na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reviu para baixo a sua previsão de afluência para o mês de março, reforçando a percepção de que a situação do setor elétrico brasileiro é crítica neste momento. Depois de ter elevado a energia natural afluente (ENA) dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), o mais importante do sistema elétrico brasileiro, para 77% da média histórica há duas semanas, o operador reduziu a sua previsão do ENA para 65% da média histórica na última sexta-feira.

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O conceito de ENA significa a água que corre pelo leito dos rios transformada em energia. De acordo com o ONS, as bacias dos rios Tietê, Grande, Paranaíba e São Francisco, onde estão localizadas as principais hidrelétricas do Brasil, tiveram chuvas de fraca a moderada na semana passada. Na parte final da semana, as bacias dos rios Uruguai, Jacuí, Iguaçu e Paranapanema também tiveram chuvas fracas. A menor previsão de afluência elevou em 21% o custo marginal de operação (CMO) no Sudeste/Centro-Oeste, de R$ 1.098,92/MWh para R$ 1.331,52/MWh.

Além de elevar o CMO, a redução da afluência fez o operador rever para baixo a sua projeção para o nível dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste ao final de março. Anteriormente, o ONS projetava que o nível de água armazenada no fim deste mês seria de 41,3%. Agora, a previsão mais recente é de 38,5%, ou seja, 2,8 pontos porcentuais abaixo, o que revela uma situação preocupante para o suprimento de energia ao longo de 2014 e aumenta a expectativa dos agentes sobre o racionamento de energia ainda este ano, hipótese negada pelo governo federal.

Em contrapartida, a previsão para o nível de armazenamento dos reservatórios do Sul ao final de março passou de 44,7% para 46,9% e no Norte, de 86,8% para 87,7%. No Nordeste, houve uma ligeira redução, de 43,8% para 42,6%. Diante da boa situação dos reservatórios do Norte, a região continuará exportadora de energia para os subsistemas Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste, dada a situação hidrológica desfavorável nessas duas regiões.

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Diante desse quadro, todas as térmicas disponíveis do sistema estão sendo despachadas pelo operador pelo critério de ordem de mérito, ou seja, das mais baratas às mais caras, mantendo o fluxo de caixa das distribuidoras bastante pressionado por causa do custo mais elevado dessas usinas. Para esta semana, a previsão é do acionamento de 17,872 mil MW médios de termelétricas, o que representa 26,06% da carga prevista para esta semana, de 68,573 mil MW médios.

Outro ponto que o operador reviu para baixo foi a previsão do crescimento da carga de energia em março. Anteriormente, o ONS projetava uma expansão de 7% em relação a março de 2013, para 67,95 mil MW médios. Agora, a previsão é de uma alta de 6,2%, para 67,431 mil MW médios. As temperaturas mais elevadas e o bom desempenho da atividade econômica continuam impulsionando a carga. Todas essas informações constam na segunda revisão do Programa Mensal de Operação do ONS.

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