Com o aumento de 13,33% em vigor desde domingo, a passagem de ônibus em Curitiba acumula aumento de 25,93% nos últimos doze meses. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – que baliza as metas do Banco Central – foi de 14,47%, e o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) – usado como referência na maioria das negociações coletivas – teve variação de 16,33%.
“Como os salários dos trabalhadores receberam reajuste no máximo pela inflação, variando entre 9% e 15%, a perda do poder aquisitivo é significativa”, avalia o economista Cid Cordeiro, supervisor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), que elaborou o estudo.
Somando o primeiro reajuste de 2003, a tarifa de ônibus em Curitiba acumula alta de 325% desde o início do Plano Real, 70% acima da inflação do período medida pelo INPC (150%). De julho de 94 a janeiro deste ano, o IPCA registra 143% e a inflação para o atacado em geral (IGP/FGV), 201%. O estudo do Dieese revela que o aumento superou a variação dos principais itens que compõem a planilha de custo do transporte coletivo. O salário do motorista aumentou 222% e o óleo diesel 225%.
Segundo o levantamento, a passagem também subiu acima do salário mínimo que, mesmo com ganhos reais, teve correção de 209%. Em julho de 94, era possível comprar 162 passagens com um salário mínimo. Hoje, adquire somente 118. Porém como a maioria dos trabalhadores que ganham mais que o salário mínimo tiveram, no máximo, a reposição da inflação (150%), terão que desembolsar o dobro do que gastavam em julho de 94 para comprar o mesmo número de passagens, comenta Cordeiro.
O economista do Dieese critica os critérios adotados pela Urbs para autorizar os aumentos da tarifa. ” A Urbs não pode ser uma empresa que administra custos, mas também deveria considerar nessa avaliação a busca de eficiência do sistema e a atualização dos coeficientes técnicos. Senão, será um mero repassador de custos. Do jeito que está, o reajuste é automático cada vez que um dos itens da planilha aumenta”, pondera Cordeiro.
