Rio (AE) – A Organização Mundial do Comércio (OMC) alerta para o desequilíbrio cada vez maior gerado na economia mundial diante do déficit comercial norte-americano, que atinge volumes recordes. Em projeções feitas pelos economistas da entidade, a previsão é de que os norte-americanos continuem a importar cada vez mais em 2006 e 2007, enquanto a China se tornará, já no próximo ano, a segunda maior exportadora do planeta, superando os Estados Unidos e ficando atrás apenas da Alemanha.
Há cinco anos, os chineses eram apenas o 9.º maior exportador do mundo, com US$ 195 bilhões em vendas. Para 2007, algumas projeções já indicam que atingiriam quase US$ 1 trilhão em exportações. Se continuar no mesmo ritmo, Pequim será o maior exportador antes do final da década.
Enquanto isso, o déficit norte-americano chegava a US$ 783 bilhões em 2005, equivalente a 8% do comércio mundial. O valor não parou de aumentar em 2006 diante da variação do euro e do iene em relação ao dólar.
Nem mesmo a flexibilidade do yuan, na China, conseguiu reverter a situação. As importações de bens chineses pelos americanos continuam com preços baixos. De um lado, isso favorece o controle da inflação, mas agrava ainda mais o déficit.
Em 2005, o comércio internacional atingiu a marca de US$ 10,2 trilhões, um aumento de apenas 6% em volume em relação ao ano anterior, mas um incremento de 13% em valor. O desempenho, mesmo sendo inferior ao aumento entre 2003 e 2004, está ainda dentro da média da década.
O ano ainda registrou um comércio de US$ 1,4 trilhão no setor de combustíveis, diante do aumento do preço do petróleo. Os gastos de importação foram 41% superiores aos de 2004. Não por acaso, os combustíveis atingiram sua maior participação no comércio internacional nos últimos 20 anos: 13,8% de tudo o que é comercializado.
Outra preocupação da OMC é quanto à desaceleração do comércio em 2005. Para o diretor da entidade, Pascal Lamy, isso seria mais uma prova de como a comunidade internacional precisa ver completada a Rodada Doha, que irá gerar novos cortes tarifários. ?Chegou o momento de tomar uma decisão política para relançar a rodada?, afirmou.