Foto: Daniel Derevecki |
Debate aconteceu na Assembléia Legislativa do Estado. continua após a publicidade |
Desde a privatização da Ultrafértil (em junho completam-se quinze anos) os preços dos fertilizantes subiram de maneira bastante acelerada no Brasil.
Em 1993, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Paraná (Sindiquímica), uma tonelada de uréia custava US$ 120,00.
Hoje, custa US$ 450,00. O aumento é conseqüência, entre outras coisas, de haverem poucas empresas dominando o mercado.
A privatização foi tema de uma audiência pública, ontem, na Assembléia Legislativa do Paraná, em Curitiba. Segundo o fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Jorge Talamini Borges, no início deste ano foi realizada uma pesquisa onde, através de indicadores internacionais e dados relativos a faturamento de empresas, foi comprovado oligopólio no setor. Atualmente, este seria praticado pelas multinacionais Bunge, Mosaic e Yara. ?São poucas empresas no mercado e sem diferenciação de preços entre si?, comentou.
O coordenador-geral do Sindiquímica, Paulo Roberto Fier, realizou estudos sobre o assunto e concluiu que a privatização trouxe prejuízos para os trabalhadores, com a precarização das condições de trabalho; e para os pequenos agricultores, que há quinze anos compravam os fertilizantes direto das fábricas e hoje os adquirem das misturadoras, pagando três vezes mais.
O secretário de Estado da Agricultura, Valter Bianchini, lembrou que os consumidores de alimentos também foram prejudicados. Com a alta dos insumos agrícolas, também houve aumento no preço final dos produtos. ?Quando maior o custo de produção, maior a dificuldade de oferta dos alimentos. Entre os anos 2000 e 2007, todos os fertilizantes subiram mais que os alimentos?, revelou.
Para minimizar os problemas advindos com a privatização do setor de fertilizantes, o representante do Sindiquímica sugeriu como solução o governo Federal, através da Petrobras, passar a importar e distribuir fertilizantes sem visar o lucro e sem praticar preços internacionais. ?Além disso, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) deveria deixar de financiar empresas com práticas anti-sindicais e as empresas de fertilizantes deveriam garantir uma cota aos agricultores, para que eles pudessem voltar a adquirir o produto de forma direta?, disse Paulo Roberto.
Atualmente, conforme informações do Sindiquímica, são produzidas no Brasil 9,5 milhões de toneladas de fertilizantes e importadas 17,5 milhões de toneladas.
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