Aproximadamente 10,5 milhões de crianças entre 5 e 17 anos no mundo são trabalhadoras domésticas fora de suas residências e, muitas vezes, em condições perigosas ou análogas à escravidão, aponta estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado na terça-feira, 11. Desse total, 6,5 milhões têm entre 5 e 15 anos e 71% são meninas. Apenas no Brasil, o estudo cita que devem haver cerca de 250 mil crianças trabalhando nessas condições.

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De acordo com o levantamento, do total de mais de 10 milhões de crianças, estima-se que dois terços estejam vivendo em situações inaceitáveis. Intitulado Erradicar o trabalho infantil no trabalho doméstico, o estudo alerta para os riscos dessa categoria de trabalho. “Crianças trabalhadoras domésticas relatam que sua experiência diária de discriminação e isolamento nas casas é o fardo mais pesado.

A situação dessas crianças e como elas chegaram nas casas também as tornam altamente dependentes de seus empregadores para as necessidades básicas. Esse isolamento e dependência tornam essas crianças particularmente vulneráveis ao engajamento no serviço, que pode resultar em violência física, psicológica e sexual”, diz o levantamento.

O estudo faz um apelo para a erradicação do trabalho infantil em residências antes da idade permitida por lei em cada país. “As crianças não deveriam trabalhar nas idades anteriores à idade mínima ou em condições ruins de trabalho, como em locais perigosos ou em situações análogas à escravidão”, ressalta o texto. Apesar de a idade mínima para o trabalho ser determinada localmente, a OIT sugeriu que seja pelo menos 15 anos.

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Regulamentação

O estudo ressalta que o trabalho doméstico, em muitas regiões do mundo, continua sendo subvalorizado e com pouca regulação, o que leva as pessoas que trabalham nessas condições, especialmente as crianças, a serem exploradas. Elas trabalham mais do que o permitido e ganham menos do que deveriam, além de não terem acesso às leis de proteção.

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“A situação de muitas crianças trabalhadoras domésticas não somente constitui uma grave violação dos direitos da crianças, mas continua sendo um obstáculo para o alcance de muitos objetivos nacionais e internacionais de desenvolvimento”, frisou a diretora do Programa Internacional para a Erradicação do Trabalho Infantil (Ipec, na sigla em inglês), Constance Thomas.

A pesquisa faz um apelo para a regulamentação das atividades domésticas enfocando, especialmente, a situação das crianças. Entre as sugestões aparecem: limitação das horas de trabalho, garantindo tempo para descanso e estudo, lazer e contato com a família; proibição do trabalho noturno; restrições em serviços que são excessivamente exigentes física ou psicologicamente; e estabelecer e fortalecer mecanismos para monitorar o trabalho e as condições de vida.

“Necessitamos de um marco jurídico para identificar claramente, prevenir e eliminar o trabalho infantil no trabalho doméstico e para oferecer condições de trabalho decente aos adolescentes quando tenham idade legal para trabalhar”, disse Constance.

Brasil. O estudo destaca que no Brasil há, desde 2008, um “marco inicial” na proteção de crianças trabalhadoras domésticas, que é o Decreto 6481/08, proibindo que algumas profissões sejam realizadas por crianças e que também envolve o serviço doméstico.

Além disso, a OIT ressalta os programas sociais que condicionam o envio dos benefícios às crianças frequentarem a escola. Assim mesmo, pondera, ainda há mais de 250 mil crianças envolvidas no trabalho doméstico, sendo 67 mil entre 10 e 14 anos e 190 mil entre 15 e 17 anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.