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Foto: Arquivo

Rebanho bovino catarinense é livre da doença, sem vacinação.

Brasília – A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) reconheceu ontem, durante sua 75.ª assembléia-geral, em Paris (França), o Estado de Santa Catarina como zona livre de febre aftosa sem vacinação e o centro-sul do Pará como zona livre de febre aftosa com vacinação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) solicitou o reconhecimento em janeiro deste ano e ontem teve os dois pleitos aprovados pelo comitê internacional, composto por 168 países.

A Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa considera de grande importância o reconhecimento de Santa Catarina tanto para o Estado como para o Brasil, por constituir etapa decisiva para a conquista de novos mercados para os produtos pecuários brasileiros. A secretaria ressalta que ?os mercados que pagam preços melhores por produtos agropecuários, como o Asiático, por exemplo, somente aceitam comprar produtos de origem bovina e suína de países ou de zonas reconhecidas internacionalmente como livres de febre aftosa sem vacinação?.

A última vacinação contra febre aftosa realizada em Santa Catarina ocorreu em abril do ano 2000 e o Estado manteve-se firme em sua decisão técnica e política de não voltar a vacinar. Essa resolução permitiu o encaminhamento e a defesa do pleito brasileiro na OIE, objetivando o atual reconhecimento.

Pará

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No caso do Pará, o reconhecimento internacional abrange 44 municípios do centro-sul do Estado, que possui um rebanho de 13,5 milhões de bovinos e bubalinos. A partir de agora, o Pará poderá ter acesso a todos os mercados do País. ?Além disso, abre-se a oportunidade para o início da busca por mercados externos mais atrativos?, salienta nota técnica da SDA.

A secretaria afirma ainda que as novas condições sanitárias de Santa Catarina e da região centro-sul do Pará somente foram alcançadas em razão do persistente trabalho desenvolvido pelos governos federal e estadual e pelos produtores, especialmente no cumprimento do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa. A expectativa do Mapa é de manutenção desta parceria, ?com a finalidade de preservar a condição sanitária conquistada e permitir a continuidade dos esforços para implementação das ações necessárias ao avanço do programa e permitir o enfrentamento de futuros desafios?.

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Suinocultores também aplaudem decisão do comitê

São Paulo (AE) – O presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Netto, que participa da reunião anual da OIE, em Paris, aplaudiu a decisão do comitê reconhecendo Santa Catarina como livre de aftosa sem vacinação. O status sanitário é inédito no País e pode abrir novos mercados para a carne suína produzida em Santa Catarina.

Camargo Netto acrescentou que o resultado confirmou as expectativas e é muito significativo para Santa Catarina, principal Estado produtor de suínos do Brasil e que tem sido prejudicado pela ocorrência de febre aftosa no Paraná e em Mato Grosso do Sul em outubro de 2005.

A Rússia, principal mercado consumidor da carne suína brasileira suspendeu as aquisições do produto catarinense desde aquela época e, até o momento, não retomou as importações, apesar de ter voltado a comprar do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso.

A partir da agora, com o novo status de Santa Catarina, o Brasil poderá reduzir a dependência das exportações para o mercado russo, salientou Camargo Netto. ?Poderemos trabalhar outros mercados?, disse ele.

Na semana passada, o serviço veterinário russo suspendeu o fornecimento de carne de dez frigoríficos brasileiros.

Paraná entre os que podem retomar status

Brasília (AE) – Os estados que perderam o status de áreas livres de febre aftosa com vacinação concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) podem retomar essa condição em setembro. Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o governo está tomando as providências necessárias para normalizar a situação de 11 estados (entre eles o Paraná), mais o Distrito Federal.

Ontem, a OIE reconheceu Santa Catarina como área livre da aftosa sem vacinação e o centro-sul do Pará como área livre com vacinação.

Entre as medidas que devem ser tomadas pelo governo federal, está a criação de uma faixa de segurança de 15 quilômetros ao longo de toda a fronteira do Brasil, partindo do Rio Grande do Sul até Rondônia

?As conversas com a Bolívia já estão bem adiantadas, pois já havia acertos feitos com o governo do Mato Grosso. Com o Paraguai, os entendimentos estão prontos e, nos próximos meses, as medidas começam a ser implantadas?, disse Stephanes.

Para o ministro, essas medidas justificariam a reivindicação do status de área livre com vacinação, apesar de a maioria dos estados já estar exportando, inclusive, para a União Européia

Entre as medidas a serem tomadas por Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina estão rastreabilidade e controle do trânsito de animais, vacinação assistida pelos governos e, em épocas comuns, brincos em todos os animais e definição de barreiras de trânsito.

?O custo operacional que essa faixa terá é de R$ 80 milhões, que já estão liberados?, disse Stephanes.