Aqueles que gostam de saborear o tradicional cafezinho devem preparar o bolso. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) prevê um reajuste de 20% a 25% no preço do quilo do produto. Os motivos são três: preços defasados no mercado internacional, oferta menor que a demanda e atraso na colheita da safra. Este deve ser o segundo aumento desde o começo do ano. Em janeiro, os preços subiram 15% no varejo. Oswaldo Henrique Paiva Ribeiro, presidente do Conselho Nacional do Café, entidade que representa os produtores do grão, explica que a cotação histórica do café no mercado internacional é de US$ 100 a saca de 60 quilos. Há três anos, o aumento da oferta fez o preço despencar para US$ 50 a saca.
“Na verdade, o que está acontecendo é recomposição de preços. Hoje, conseguimos vender a saca a US$ 75. Estamos caminhando para um equilíbrio na cadeia”, completa Oswaldo.
A indústria explica que o preço do produto nunca esteve tão defasado no mercado interno. Pelos cálculos da Associação Brasileira de Indústria de Café (Abic), o preço do quilo de café no varejo estava em R$ 6,73 em abril deste ano, mesmo patamar de 1995.
“Voltamos a ter preços que, mesmo defasados, justificam nossa produção”, argumentou Sydney Marques de Paiva, diretor de marketing da associação.
Descafeinado naturalmente
Cientistas brasileiros descobriram uma variedade etíope de café naturalmente descafeinado. A informação foi divulgada na revista Nature, ontem, e deve causar impacto nos meios científicos e na própria indústria do café. Pesquisadores do mundo inteiro buscam desenvolver variedades com menos ou nenhuma cafeína, para atender milhões de apreciadores da bebida que não podem ingerir a substância estimulante presente no café.
A vantagem da variedade etíope descoberta pelos brasileiros é ser do tipo arábica, com grande potencial para manter o aroma e o sabor que cativam os consumidores. “Encontramos o primeiro Coffea arabica descafeinado”, anunciou Paulo Mazzafera, da equipe formada por pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O arábica etíope tem 20 vezes menos cafeína do que o produto padrão hoje, no mercado. O grupo de cientistas fará testes para medir a produtividade desta varieadade que não é cultivada comercialmente em seu ambiente natural e estuda o cruzamento com outras mais produtivas.