O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a avaliar, na ata de seu último encontro, que “os dados indicam continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira”. Ao mesmo tempo, o colegiado pontuou que a economia segue operando com alto nível de ociosidade, “refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”.

continua após a publicidade

Inflação subjacente

continua após a publicidade

Em outro trecho da ata, o BC retomou a ideia de que diversas medidas de inflação subjacente estão “em níveis apropriados ou confortáveis”, inclusive os componentes de serviços (“mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”).

continua após a publicidade

Estímulo

O Banco Central defende que o atual momento da economia recomenda estímulo através dos juros e também entende que o patamar vigente da taxa Selic gera esse efeito positivo sobre a demanda no Brasil. A avaliação consta do parágrafo 16 da ata da reunião de dezembro.

Nesse trecho do documento, os diretores do BC notam que o atual quadro econômico conta com expectativas de inflação ancoradas, medidas de inflação em níveis apropriados ou confortáveis, projeções em direção às metas para 2019 e 2020 e elevado grau de ociosidade. Essas condições, defende o BC, prescrevem “política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”.

A ata repete que estimativas dessa taxa envolvem elevado grau de incerteza, mas o texto diz que há o entendimento de que “as atuais taxas de juros reais ex-ante têm efeito estimulativo sobre a economia”.

Sobre o grau de estímulo à economia, os diretores do BC notam no parágrafo 17 que a intensidade adequada “depende das condições da conjuntura, em particular, das expectativas de inflação, da capacidade ociosa na economia, do balanço de riscos e das projeções de inflação”.

Decisões pautadas por cautela

A ata do último encontro do Copom trouxe uma novidade ao abordar os fatores levados em conta pelo colegiado em suas decisões. A instituição destacou três princípios fundamentais considerados por seus membros: a cautela, a serenidade e a perseverança.

No parágrafo 22 do documento, os membros do Copom “ponderaram que cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas”.

Para o colegiado, as “decisões pautadas por esses princípios constituem bom guia para a política monetária”.

Em outros trechos, a ata registra que os membros do Copom debateram a conveniência de passar sinalizações sobre a evolução futura da política monetária. “Todos concordaram que a atual conjuntura recomenda manutenção de maior flexibilidade para condução da política monetária, o que implica abster-se de fornecer indicações sobre seus próximos passos”, registrou a ata. “Os membros do Copom reforçaram a importância de enfatizar seu compromisso de conduzir a política monetária visando manter a trajetória da inflação em linha com as metas.”

Assim como vinha fazendo em documentos anteriores, no lugar de sinalizar os próximos passos, os membros do Copom reafirmaram a preferência por “explicitar as condicionalidades sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia suas decisões”.

“Isso contribui para aumentar a transparência e melhorar a comunicação do Copom”, registrou a ata. “Nesse contexto, (os membros) voltaram a ressaltar que os próximos passos na condução da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.”