Após cortar a Selic (a taxa básica da economia) de 4,50% para 4,25% ao ano e comunicar a interrupção do ciclo de redução nos juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve seu cenário básico com fatores de risco para inflação em ambas as direções. Na ata do encontro do Copom da semana passada, divulgada nesta terça-feira, 11, o BC manteve, de um lado, a avaliação de que o nível ainda elevado de ociosidade na economia pode continuar produzindo uma trajetória de inflação abaixo da esperada.

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Por outro lado, o BC pontuou que o atual grau de estímulo – com a taxa Selic no menor nível da história – pode acabar elevando a inflação para acima do esperado no horizonte relevante da política monetária. O Copom lembra que os cortes na taxa básica de juros atuam com defasagens sobre a economia.

O BC aponta ainda que, dado o atual nível da Selic, o risco de uma inflação maior que a esperada se intensifica caso as transformações na intermediação financeira e no mercado de crédito e capitais aumentem a potência da política monetária.

O risco de inflação mais alta também fica maior em caso de deterioração do cenário externo para as economias emergentes ou em caso de frustração sobre a continuidade das reformas na economia brasileira.

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‘Múltiplas incertezas’

O Banco Central avaliou na ata que existem “múltiplas incertezas no que tange ao atual grau de ociosidade, à velocidade de recuperação da economia e ao aumento da potência da política monetária, que atua com defasagens na economia”. Em função disso, conforme o BC, “é importante observar os efeitos do ciclo de estímulo monetário iniciado em 2019”.

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Na semana passada, o Copom promoveu o quinto corte consecutivo da taxa Selic. Em suas comunicações, incluindo a ata desta terça, o BC vem sinalizando que não pretende promover novo corte no encontro de março do colegiado, por conta das reduções já promovidas e dos efeitos defasados do ciclo.

“O Comitê avalia que uma melhor compreensão desses efeitos é essencial para definir os próximos passos da política monetária”, citou o BC na ata.

Inflação subjacente

No documento divulgado nesta terça, o BC também repetiu a ideia de que as “diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária”. Esta avaliação já constou no comunicado do Copom, divulgado na quarta-feira passada.

‘Dicotomia’

Os membros do Copom ainda avaliaram na ata que há uma “dicotomia” entre a evolução do mercado de trabalho e o crescimento da produção de bens e serviços no País. “Enquanto o mercado de trabalho segue em recuperação gradual, os dados recentes de produção industrial e os indicadores preliminares de investimento tiveram desempenho abaixo do esperado”, destacou o Copom.

Por isso, o documento relata que alguns membros do colegiado avaliaram que o esgotamento do modelo de alocação centralizada de capital e a longa duração da recessão podem ter produzido restrições de oferta.

“Nesse sentido, a dicotomia dos últimos dados sugere que pode haver menos espaço de ociosidade do que o mensurado por métodos tradicionais”, acrescentou a ata.

Ainda assim, o BC repete a avaliação de que os dados de atividade econômica indicam a continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira.