O setor de máquinas agrícolas operou com 73% de ociosidade no primeiro trimestre, e produziu 7.349 unidades. A produção de tratores, cultivadores e colheitadeiras caiu 52,2% na comparação com o mesmo período de 2015. Com o baixo uso da capacidade instalada, as fabricantes têm adotado desde 2015 medidas como redução de jornada e folgas para tentar evitar demissões, a exemplo dos que fazem as montadoras de veículos. Há empresas cujos funcionários estão com as férias coletivas comprometidas até 2018.

continua após a publicidade

Apesar das medidas, nos últimos 12 meses o segmento eliminou 2.592 vagas e emprega atualmente 15.242 funcionários, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). As montadoras de automóveis, caminhões e ônibus demitiram 9.750 pessoas em um ano. O quadro atual é de 113.235 trabalhadores.

O grupo AGCO, com sete fábricas no Brasil e 3,8 mil funcionários, dará férias coletivas de 45 dias para cerca de 400 funcionários da unidade de colheitadeiras de Santa Rosa (RS), a partir de 18 de maio. “Em alguns setores mais críticos, para não haver dispensas maiores, funcionários já comprometeram as férias coletivas de 2017 e alguns até 2018”, diz Sheila Fonseca, diretora de Recursos Humanos da AGCO América do Sul.

A partir do próximo mês, a fábrica de Canoas (RS) suspenderá a produção a tratores às sextas-feiras. Os cerca de 800 funcionários não terão os salários reduzidos, mas no futuro vão compensar os dias não trabalhados. “Essas medidas funcionam para o mercado que temos hoje, mas se cair ainda mais talvez precisaremos aderir ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego, que reduz jornada e salários)”, diz Sheila.

continua após a publicidade

Na Agrale, que tem três fábricas no País, a flexibilização já ocorre desde 2015, com um rodízio de trabalhadores que folgam de um a dois dias por semana, com redução proporcional dos salários. Desde o último trimestre de 2015, cerca de 10% dos operários foram demitidos.

“Estamos procurando novos mercados para exportar e intensificando programas de redução de custos para tentar gerar mais negócios, mas enquanto a situação do País não melhorar esse quadro não se reverte”, afirma Edson Martins, diretor comercial da Agrale.

continua após a publicidade

Segundo ele, há um receio por parte dos produtores em investir em novas equipamentos por insegurança. “Não há justificativa comercial para uma queda tão grande nas vendas, pois a agricultura segue com bons resultados”. Ele lamenta as dificuldades na liberação de crédito. Martins ressalta que tudo o que é possível postergar em investimentos está sendo feito e só gastos essenciais para manter a operação são realizados. “A prioridade é a proteção do caixa.”

No grupo CNH, da Fiat Chrysler, funcionários da fábrica de Curitiba (PR) tiveram no ano passado 40 dias de banco de horas, 30 de férias coletivas e lay-off (suspensão dos contratos) de dezembro a fevereiro. De março a julho deste ano, parte da equipe estará no PPE e vão trabalhar um dia a menos por semana.

Na unidade de Sorocaba (SP), foram dados também 40 dias de bancos de horas e 30 de férias coletivas em 2015 e neste mês há novas férias coletivas de 30 dias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.