OCDE alerta sobre excesso de liquidez

Bruxelas – A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertou sobre o risco criado pelo excesso de liquidez existente hoje nos mercados internacionais, demonstrando particular preocupação com o ritmo das aquisições feitas pelos fundos de private equity (que investem em empresas).

Segundo a instituição, com sede em Paris, a alta dos preços de vários ativos financeiros, que sucedeu rapidamente a crise no setor imobiliário dos Estados Unidos e a turbulência na Bolsa de Valores de Xangai no início deste ano, está sendo alimentada pela disponibilidade imediata de crédito abundante originado, em sua maior parte, na China e no Japão.

Num capítulo de seu estudo semestral Tendências do Mercado Financeiro, cuja íntegra será divulgada nas próximas semanas, a OCDE observou que os preços das ações, títulos, commodities se recuperaram desde a forte correção ocorrida em fevereiro passado.

Essa recuperação, segundo o estudo, foi auxiliada pela decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de manter, por enquanto, os juros inalterados, pelo fato de que não existe atualmente um fator de pressão inflacionária, exceto os preços energéticos.

Além disso, há um padrão não-sincronizado de crescimento econômico em diferentes regiões do mundo, o que se traduz na aposta de que esse clima benigno vai continuar no futuro. A OCDE salientou que uma das maiores fontes de liquidez está na China e no Japão.

?Enquanto os juros foram elevados em vários países, a liquidez global continua abundante por causa das tentativas de alguns países de fixar o câmbio?, disse. ?Trata-se de um princípio econômico básico: quando alguém fixa o preço de alguma coisa (muito baixo), não consegue controlar a quantidade (muito alta).?

Tensões emergem ?quando políticas necessárias para objetivos domésticos contagiam os mercados globais, nos quais participantes inovadores usam isso para mover os preços dos ativos?. Como exemplo, a OCDE observou que, nos doze meses anteriores a janeiro de 2007, a China acumulou mais US$ 259 bilhões em reservas estrangeiras através da intervenção para fixar seu câmbio. Com isso, o total de reservas superou US$ 1,1 trilhão.

?A reciclagem dessas reservas em bônus dos Estados Unidos é um dos principais fatores que mantêm os juros norte-americanos baixos?, disse.

Embora o Japão tenha feito menos intervenções cambiais nos últimos anos, suas taxas de juros próximas a zero, necessárias para conter os temores de deflação, ?continuam a contribuir para a liquidez global?.

Segundo a OCDE, a dimensão da ?próxima turbulência nos mercados? e seus gatilhos imediatos não serão tão importantes quanto ?o fato de que a situação presente tem elementos de instabilidade no excesso de liquidez que são difíceis de serem controlados e na alavancagem que está tirando proveito disso?.

Se as fontes de criação de liquidez global não podem ser facilmente controladas, acrescentou, ?é ainda mais importante que as instituições financeiras e os alavancados participantes do mercado permaneçam conscientes do risco?.

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