Ao falar sobre a relação do brasileiro com o dinheiro, Ana Leoni é categórica: a receita de bolo não funciona para todo mundo. Além disso, a superintendente de Educação e Informações Técnicas da Anbima afirma que o segredo não é ganhar mais, mas gastar menos. Com base em uma pesquisa que a associação fez no ano passado, que apontou cinco perfis quando o assunto é dinheiro, ela explica como guiar as decisões em 2018.

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A seguir, trechos da entrevista.

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Por que há perfis tão diferentes na relação com o dinheiro?

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Somos tanto o perseverante, que poupa de pouquinho em pouquinho, como aquele que se vira de qualquer jeito, o camaleão. O construtor é a cara do brasileiro – vemos pessoas que medem o patrimônio por andares da casa, por exemplo. O camaleão tem jogo de cintura. Numa crise ou em ano de eleição, ele se adapta rapidamente. Já para o construtor, essas oscilações incomodam mais.

Em ano de eleição, muda a relação com o dinheiro?

A eleição tem grande impacto, mas sempre haverá eventos positivos e negativos. O importante é que a pessoa tem de ser neutra nas decisões de longo prazo, senão vai ter sempre de parar e repensar.

A maioria dos brasileiros diz que não sobra dinheiro. A melhora da renda abre espaço para investimentos mais arriscados?

Nunca sobra. O segredo não é ganhar mais, mas gastar menos. A sobra, entretanto, não quer dizer que a pessoa vai investir em produtos mais arrojados, apesar de o cenário estar mais propício. É preciso olhar qual rota seguir para que o capital seja mais sustentável, dentro do apetite de risco de cada um. .

O juro baixo histórico vai influenciar nas decisões?

Mesmo que haja uma conjuntura econômica favorável, é como andar de bicicleta: primeiro começa no terreno plano e aos poucos vai mudando. Quem está começando vai poupar em produtos mais tradicionais. Tem gente que vai explorar um pouco mais de risco. O que percebemos é que a receita de bolo não serve para todo mundo.

Muitos veem os bancos como um mal necessário. Isso explica o baixo número de investidores?

Não é isso unicamente. O que mais explica é a cultura de investimentos ser muito recente. O brasileiro ainda tem de entender que investir é um aprendizado. Ainda precisa fazer uma auto-avaliação e refletir sobre os seus objetivos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.