O problema da crise é o desemprego, diz Alencar

O vice-presidente da República, José Alencar, avaliou que o maior problema da crise é o desemprego e afirmou que o governo está pedindo às empresas que tomem todas as medidas possíveis antes de pensar em demitir. “O governo recomendou às empresas que façam um esforço para se ajustar em todos os setores antes de pensar em dispensar um cidadão”, afirmou, após participar de reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em que também estiveram presentes o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e empresários. O vice-presidente sugeriu que as companhias podem ajustar seus preços antes de demitir, uma medida que também contribuiria para o controle da inflação.

Alencar também defendeu uma redução no custo de capital e da taxa básica de juros, que, em sua visão, inibem o crescimento e o consumo no País. Segundo ele, os níveis dos spreads bancários (diferença entre o juro da operação de crédito e o custo de captação dos recursos pelo banco), tanto para a pessoa física como jurídica, é “absurdo”. “A taxa básica de juros é um despropósito.” Ele advertiu para a demora na redução dos juros: “Estão demorando muito e pode ser trágico”.

O vice-presidente ressaltou que um problema de diagnóstico sobre as causas da inflação também pode prejudicar a economia brasileira. “Quando você vai a um médico, você tem que pedir a Deus por um diagnóstico correto”, comparou. Segundo ele, a tese do Banco Central é de que a política monetária restritiva é um instrumento de combate à inflação. Ele, contudo, destacou que, em sua visão, a inflação não é de consumo, é de custo. “Estamos vendo o mundo inteiro reduzindo a taxa de juro”, afirmou. Ele reconheceu que cada economia tem características específicas, mas ressaltou que o Brasil está em uma situação mais favorável do que o resto do mundo e que “ajudar a economia real é uma das saídas para essa situação”.

Alencar afirmou que o governo está preocupado e acompanha a crise diariamente, mas evitou comentar sobre possíveis medidas para a economia brasileira. Em sua visão, o governo tem como certo que é necessário não paralisar os investimentos, desonerar certos segmentos da economia e fazer um esforço para fortalecer a economia real. “Eu acredito que o Brasil sairá desta fase fortalecido.”

No que diz respeito à desvalorização do real, o vice-presidente apenas comentou: “O câmbio é flutuante”. “Ao invés de o povo ir à Disneylândia, ele vai a Ouro Preto.”

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