Números do PIB frustram especialistas

Os números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre frustraram o mercado e devem também frustrar, na análise de economistas paranaenses, as expectativas do Governo.

De acordo com o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), Carlos Magno Bittencourt, o mercado esperava que o período entre julho e setembro apresentasse um avanço de pelo menos 2% a 2,5% no PIB.

“Agora as expectativas de crescimento anual entre 0,5% e 1% estão frustradas”, afirma. Nos cálculos dele, para a meta ser alcançada, seriam necessárias taxas entre 7% e 9,1% no último trimestre.

No entanto, na opinião do economista, mesmo uma taxa de 5% no quarto trimestre de 2009, necessária para que o índice do ano fique pelo menos em 0%, dificilmente será obtida.

“Temos a injeção de recursos do décimo-terceiro e os pacotes de medidas anticíclicas do governo. Mas os efeitos vêm muito tarde, apenas na última quinzena do ano”, analisa.

De acordo com Bittencourt, nem os pacotes de desoneração tributária têm condições de reverter a tendência do PIB negativo em 2009: “Eles já deveriam ter surtido efeito no terceiro trimestre”, lembra. Para ele, apesar de ter havido crescimento na maior parte dos setores, a queda na agropecuária pesou para o País. “Isso mostra o peso que a atividade exerce na economia”, diz.

Para o também economista Gilmar Mendes Lourenço, coordenador do Curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário, os números do terceiro trimestre confirmam uma trajetória de recuperação econômica, iniciada entre abril e junho deste ano, e eliminam o panorama de recessão técnica, vivido entre outubro de 2008 e março de 2009.

Na opinião de Lourenço, só incentivos fiscais temporários e mais crédito não são suficientes para que a economia continue movimentada. Além disso, ele alerta para a possível formação de uma bolha de consumo a prazo, levando a um ciclo de endividamento e inadimplência.

Para ele, itens como a geração de empregos de qualidade e a queda nos juros, entre outros, são necessários, para um crescimento sustentado da economia do País.

Ambos os economistas concordam ao afirmarem que a chamada “marolinha” era maior do que o alardeado. “Tanto que se reflete no principal termômetro da economia, que é o PIB”, diz Bittencourt.

“As estatísticas surpreenderam negativamente a “ditadura do otimismo’, reinante nos meios oficiais e nos mercados, que esperavam um piso expansivo de 2%”, conclui Lourenço.

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