Voltando às origens

Número significativo de empresários ainda reluta ao uso dos cartões

 

Entre o receio de perder clientes e as políticas abusivas de juros e operacionalização das empresas de cartão, número expressivo de estabelecimentos comerciais resolveram dizer não ao pagamento via cartão de crédito ou débito. Em compensação, conseguem contemplar seus fregueses com preços mais atraentes. Os adeptos a essa estratégia garantem não sentir falta das malfadadas máquinas de cartões. Dizem que os prejuízos com cheques roubados ou sem fundo são irrisórios perto da fatia abocanhada pelas operadoras de cartões.

Gerente operacional de dois postos de combustível, Celso Martins, conta que em 21 anos o Autoposto Ortona, no Ahu, nunca precisou se submeter à série de desvantagens oferecidas pelas empresas de cartões. “Além de reduzir o nosso ganho no débito e crédito, o repasse do valor é de até três dias no débito e de 32 dias no crédito”, aponta. “Também há gastos com a taxa de manutenção da máquina e da bobina. Isso reflete no preço. Tanto que mesmo sendo bandeira Ipiranga, o nosso posto pratica o melhor preço de gasolina da cidade”, argumenta Martins.

Cheques

A boa experiência com os clientes do Ortona se repete no Autoposto Pauta Comércio de Petróleo, no Campo Comprido. “A diferença entre os dois postos é que no Ahu os clientes usam mais o cheque. São mais de 130 cheques por dia”, conta. Quanto ao risco de assaltos ao posto, diz que o sistema de cofre inteligente anula a possibilidade de perder o cheque.

Taxas mais altas do mundo

O vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antônio Miguel Espolador Neto, classifica como “absurdas” as taxas que as operadoras dos cartões cobram. “Isso é realmente um absurdo aqui no Brasil, em qualquer país do mundo é menos da metade da taxa cobrada aqui”. A taxa no crédito é de 2,5% a 3,5% do valor da operação. No débito varia entre 1,5% a 2,5%. “O débito é um pouco menos, é só debitar o valor da conta, mas mesmo assim é mais absurda por causa do volume de operações realizadas”. Ele reconhece que as taxas influenciam no custo final dos produtos e também reduz a rentabilidade do comerciante. “É só observar as taxas de juros, é mais que o dobro da inflação no ano”.

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