Seguindo a tendência nacional, os paranaenses estão um pouco menos endividados em abril. Ainda assim, chegaram a 83% da população do Estado, contra 59,6% da média brasileira. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada pela Federação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio-PR) e que mostram que o percentual de endividados vem baixando desde dezembro de 2015.
Entre os endividados, 26% estão com as contas atrasadas e, destes, 10% reconhecem que não conseguirão pagar o que devem. “Há quatro meses o endividamento está baixando no Paraná e no país. No entanto, isso não é motivo para comemorações, pois esse resultado evidencia a retração do consumo e a descapitalização dos consumidores diante do crescente desemprego e inflação”, avalia o presidente da Fecomércio-PR, Darci Piana.
Esse receio em gastar e a restrição de capital também vão afetar o Dia das Mães, a segunda data mais movimentada no comércio e tão aguardada pelos lojistas. De acordo com uma sondagem realizada pela Fecomércio PR, 71% dos paranaenses devem presentear desta data, percentual inferior a 2015, quando 78% pretendiam comprar uma lembrança para as mães.
Condições de pagamento
A análise das condições de pagamento mostra distinção entre as faixas de renda. Nas famílias com rendimento total superior a dez salários mínimos, 50% afirmam que terão condições de pagar suas dívidas. Já entre aqueles com renda abaixo de dez salários, apenas 28% têm condições de pagar totalmente suas pendências financeiras.
Nível de endividamento
A proporção de famílias que se declararam muito endividadas melhorou na comparação mensal, passando de 27% em março para 25,4% em abril. Porém, as famílias paranaenses se consideram mais endividadas do que os demais brasileiros.
O percentual médio da renda comprometida das famílias paranaenses com dívidas é de 31,7%, sendo que 17,5% dos consumidores têm mais da metade dos rendimentos já vinculados a débitos pendentes.
Entre aqueles que estão com as contas atrasadas, em 47% dos casos esse atraso ultrapassa 90 dias e arriscam ter seu cadastro de pessoa física (CPF) incluso nos sistemas de proteção ao crédito. O tempo médio de comprometimento com dívidas é 6,9 meses no Paraná.
Tipos de dívida
O uso do cartão de crédito apresentou queda na utilizção com relação ao mês passado (69%), mas ainda concentra 67,9% das dívidas das famílias.
O financiamento imobiliário e o financiamento de veículos, apesar da maior restrição dos bancos à concessão de crédito, continuam sendo outros dois principais meios de endividamento.
Os financiamentos de automóveis e de imóveis vêm apresentando viés de queda desde 2013. Em 2012, quando o governo incentivava o consumo, tanto pela concessão de crédito quanto pela redução das taxas de IPI para os automóveis e produtos de linha branca, o financiamento de veículos chegou a 27%.
O financiamento imobiliário também chegou ao seu ápice em 2012, quando representava 11,1% das dívidas, mas caiu para 9,5% em 2013, foi 6,9% em 2014, de 8,7% em 2015 e em abril de 2016 ficou em 9%.
Entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos a utilização do financiamento de veículos foi mais expressiva e chegou a 55,8% em 2010, estabilizando na faixa dos 30% nos dois anos posteriores. Em 2013, financiar um veículo já não era mais tão interessante e o índice despencou para 15,5%, baixou novamente em 2014 e ficou em 12,7%, 15,1% em 2015 e caiu ainda mais em 2016, quando chegou a 11,6%.
Nas classes C, D e E o percentual do financiamento de automóveis chegou a 25,8% em 2012 e foi baixando gradativamente, até chegar a 10% em abril deste ano.