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As exportações destinadas a países com os quais o Brasil não tinha tradição de comercializar, como Trinidad e Tobago, Polônia e Argélia, totalizaram mais de US$ 4 bilhões em 2004. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, a inclusão desses novos destinos na pauta do comércio exterior brasileiro representou uma mudança significativa no perfil das exportações do País.

Brasília – "Tivemos um processo de diversificação acentuado do destino das exportações brasileiras. Os maiores crescimentos das exportações no ano de 2004 ocorreram nas vendas destinadas a regiões não tradicionais, como, por exemplo, o Oriente Médio, a Europa Oriental, o Caribe e alguns países da África", afirmou.

Segundo Ramalho, o país que é tradicionalmente o maior comprador de produtos brasileiros, os Estados Unidos, fori responsável por adquirir "somente 20% do que o País exportou". "Os 80% restantes são destinados agora a dezenas de outros países", explicou.

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Outra mudança significativa no perfil das exportações brasileiras, destacada por Ramalho, foi o ingresso de 600 novos produtos na pauta de exportações, em um universo de 7.100 itens exportados. "Nós tivemos um ingresso de um número considerável de novos produtos, aproximadamente 600, produtos que até 2003 não eram ainda exportados", ressaltou.

Há 40 anos, 93% das exportações brasileiras eram de produtos básicos (gêneros não industrializados, como minérios e grãos) ou semimanufaturados (produtos em parte industrializados, com baixo valor agregado, como farelo de soja e madeira serrada). Somente 6% eram de produtos manufaturados (gêneros industrializados com alto valor agregado, como tratores e aviões).

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Hoje, o País exporta aproximadamente 45% em produtos básicos e semimanufaturados, e 55% em produtos manufaturados, sendo que os itens que mais cresceram foram aeronaves (+68,6%) e tratores (+90,4%). O recorde da exportação de produtos manufaturados ocorreu em 1993, quando o País exportou 59% em artigos desse gênero.

As principais regiões em que o Brasil expandiu suas exportações em 2004 foram: Mercosul, acréscimo de 57,1% (somente para a Argentina o aumento foi de 61,7%); Aladi (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela), excetuado o Mercosul, crescimento de 48,8%; África (+48,4%); Oriente Médio (+31,4%); União Européia (+30,9%); Ásia (+24,7%); Europa Oriental (+22,7%) e Estados Unidos (+20,4%).

Crescimento supera média mundial

O desempenho das exportações brasileiras superou a média mundial em 2004. As vendas externas do País ampliaram-se 32%, ante um aumento previsto de 18,3% das exportações mundiais, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse é o segundo ano consecutivo em que o Brasil supera a média mundial em exportações.

De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Planejamento, Ivan Ramalho, o crescimento das exportações do País acima da média em 2004 deve propiciar um aumento da taxa de participação brasileira no comércio mundial.

"O Brasil, até muito pouco tempo, até 2003, tinha ainda uma participação pouco inferior a 1% do comércio mundial. Eu acredito que agora em 2004, embora não tenhamos os números finais do comércio mundial, com US$ 96,5 bilhões de exportações, o Brasil deva ter superado essa barreira de 1%, já que o comércio mundial não deve ter atingido US$ 9,6 trilhões", analisa.

Também internamente, o comércio exterior está ampliando sua representatividade na economia do País. Segundo relatório da Secretaria de Comércio Exterior, o País está aumentando o grau de abertura econômica, tanto do lado das exportações como das importações. A previsão da participação das exportações no PIB é que se eleve de 24,6%, em 2003, para cerca de 26,6%, em 2004. Em 1990, esse número era de 11%.

Indústria importa bens para ampliar a produção

As importações brasileiras seguem o perfil dos últimos anos e os gêneros com maior peso na balança comercial adquiridos pelo País ainda são os insumos destinados à produção industrial, indicam os números consolidados da balança comercial, divulgados na última segunda-feira. "A importação cresceu bastante em 2004, mas ela é ainda majoritariamente de bens destinados à produção industrial, principalmente matérias-primas, insumos, que respondem por mais de 50% do total de nossas importações", explica o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Planejamento, Ivan Ramalho.

Todas as categorias de produtos importados registraram crescimento em 2004, na comparação com 2003: combustíveis e lubrificantes aumentaram 56,6%, matérias-primas e intermediários (+29,7%), bens de consumo (+23,9%) e bens de capital (+17,2%).

Em termos absolutos, a participação de cada item na pauta de importações é liderada pelas matérias-primas, gênero mais importado pelo País e que representa 53,4% das aquisições. Bens de capital vêm em segundo lugar, representando 19,3%. Combustíveis participam com 16,4% e bens de consumo, com 10,9%.

Os principais países de origem das importações foram: 1.º – Estados Unidos (US$ 11,5 bilhões, acréscimo de 18,4% em relação a 2003), 2.º – Argentina (US$ 5,6 bilhões, aumento de 19,3%), 3.º – Alemanha (US$ 5,1 bilhões, acréscimo de 20,6%) e 4.º – China (US$ 3,7 bilhões, elevação de 72,7%). No entanto, o Brasil passou a consumir mais de regiões com as quais tradicionalmente o País não comercializava significativamente.

As regiões onde mais se ampliaram as compras brasileiras foram: África (aumento de 88,3%, em relação a 2003, por conta de petróleo), Europa Oriental (elevação de 55,2%, em decorrência de adubos e fertilizantes), Aladi (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela), excetuado o Mercosul (+43,7%, combustíveis, minérios, cobre e tubos de raios catódicos para monitores), Oriente Médio (+42,3%, combustíveis, adubos e fertilizantes e químicos), Ásia (+37,6%, componentes eletrônicos, máquinas e equipamentos, químicos e instrumentos de ótica e precisão).

União Européia, com aumento de 22,3% (máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos, químicos, autopeças e produtos farmacêuticos), EUA (+18,4%, motores para aeronaves, máquinas e equipamentos, químicos, instrumentos de ótica e precisão, e plásticos e obras) e Mercosul (+12,5%, combustíveis, autopeças, plásticos, máquinas e equipamentos e químicos) continuaram a ser grandes vendedores de produtos ao Brasil.