O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) planeja lançar, ainda neste primeiro semestre, novos instrumentos privados de comercialização para capitalizar a agropecuária brasileira. Este é um dos temas que está sendo debatido na série de dez reuniões de trabalho organizadas pela Secretaria de Política Agrícola do Mapa em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O objetivo é colher sugestões para o Plano Agrícola e Pecuário da safra 2004/2005, cuja aprovação está prevista para o final de maio.

No encontro de ontem, em Curitiba, na sede da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), a principal preocupação demonstrada pelo setor produtivo foi a necessidade de ampliar os mecanismos de financiamento ao agronegócio. “Como há limitação de crédito, este é um assunto importante. Ampliar o capital de giro é necessário para crescimento e investimento”, destacou o secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, citando que nos últimos três anos a área plantada de grãos no País cresceu 9 milhões de hectares e a produção saltou de 90 milhões para 130 milhões de toneladas, após uma década de estagnação.

“O ministério está saindo cedo para iniciar a avaliação, entender as dificuldades do setor e aportar mais recursos, já que o custo de produção aumentou”, ressalta o vice-presidente da CNA e presidente da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Carlos Sperotto. Para a safra 2003/2004, o governo federal liberou R$ 32,5 bilhões, mas a demanda, segundo ele, era de R$ 42 bilhões. Do volume disponibilizado, R$ 20,5 bilhões já foram aplicados, sendo cerca de 20% no Paraná. Para a próxima safra, Sperotto estima que o agronegócio necessite de R$ 50 bilhões de verba federal. “Há necessidade de captação de 25% a 27% por parte do governo e que os produtores busquem o resto nas linhas complementares”. Em 2003, o agronegócio exportou US$ 30,6 bilhões, volume 23% maior que o de 2002, enquanto o comércio mundial cresceu 3%.

Novos instrumentos

O Ministério da Agricultura prepara o lançamento de três novos instrumentos para comercialização agropecuária: contratos de opções de venda pela iniciativa privada, criação de fundos privados de investimentos no agronegócio (com objetivo de captar recursos da poupança interna) e das Letras de Comércio Agrícola (LACs). As LACs são títulos comerciais com lastro em produtos agrícolas, emitidos por produtores e exportadores, que visam a captação de recursos no exterior.

O superintendente da Ocepar, Nelson Costa, enfatizou a necessidade de se continuar com o processo de modernização agropecuária. “O investimento em infra-estrutura não acompanhou o crescimento da produção”, comenta. Uma das áreas que merecerá atenção do Ministério da Agricultura é a de sanidade, para a qual estão alocados R$ 68 milhões neste ano, 40% mais que no ano passado.

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