Novos empregos não chegam a 5 milhões

Foto: Agência Brasil

Ministro Luiz Marinho: dezembro
é mês de ajuste.

A um mês do término de seu mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está longe de cumprir seu desejo de criar 10 milhões de empregos no País. Segundo balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, divulgado hoje (19), de janeiro de 2003 a novembro de 2006, foram criados 4,96 milhões de postos com carteira assinada, menos de metade do prometido. O saldo dos quatro anos deverá ser ainda menor porque em dezembro é esperado o fechamento de 280 mil vagas, segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Se ele estiver certo, o dado final será de 4,68 milhões de novos empregos.

Lula e seus ministros da área econômica passaram os quatro anos do primeiro governo explicando que não se comprometeram a criar 10 milhões de empregos formais. De fato, a promessa não consta do programa de governo. Os 10 milhões foram mencionados como o número ?ideal? para o período, mas não representariam um compromisso. Agora, no segundo mandato, o presidente se envolveu em imbróglio semelhante. Ele prometeu um crescimento de 5% ao ano, algo que até o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acha irrealista. O mercado projeta crescimento de 3,5% para o ano que vem.

Em novembro, segundo dados do Caged, foram contratados 32,5 mil empregados com carteira assinada. O saldo, embora positivo, representa uma queda de 75% na comparação com outubro (129.795 vagas), já refletindo as demissões que as indústrias normalmente fazem no final de ano, após cumprir as encomendas de Natal. O movimento tradicionalmente se acentua em dezembro.

Ainda assim, o ano de 2006 deverá fechar com um saldo de novos postos praticamente igual ao de 2005, quando foram criadas 1.253 milhão de vagas. ?Tudo vai depender do comportamento deste mês, mas dezembro é normalmente um mês de ajuste?, disse Marinho. Levando-se em conta os fatores que reduzem o ritmo da criação de emprego no fim do ano, o resultado de novembro não é ruim. Ele representa um crescimento de 135% sobre novembro de 2005.

No mês passado, o comércio abriu 87,4 mil vagas formais, enquanto o setor de serviços ofereceu 36,6 mil postos de trabalho. Os destaques negativos foram a agricultura, com perda de 50,7 mil empregos e a indústria, com 26,8 mil vagas a menos. O Caged registra mensalmente todas as contratações e as demissões feitas pelas empresas de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ficam de fora desta estatística, portanto, o comportamento do mercado de trabalho no setor público e entre empregados domésticos.

Para o ano que vem, o governo aposta no pacote de incentivo ao crescimento econômico que está sendo preparado para manter o mercado de trabalho aquecido. ?Estamos trabalhando em medidas para destravar a economia?, afirmou Marinho. Sem arriscar projeções para 2007, o ministro citou a construção civil e os setores relacionados à infra-estrutura como aqueles dos quais se espera os melhores resultados por causa das ações de governo.

Marinho aproveitou para rebater críticas de que durante o primeiro mandato do governo Lula cresceu apenas a oferta de empregos formais com baixos salários. ?As críticas sobre renda não se sustentam quando vemos as estatísticas?, afirmou. Segundo ele, os dados do Caged mostram que foram criadas vagas formais em todas as faixas salariais.

Entre 1999 e 2005, subiu de 15,3 milhões para 21,3 milhões o número de trabalhadores que ganham até três salários mínimos, uma alta de 39%. Na faixa de renda de 5 a 10 salários mínimos, os novos empregados passaram de 3,4 milhões para 3,7 milhões. O número de pessoas ganhando entre 10 e 20 mínimos aumentou 16%, passando de 1,2 milhão para 1,5 milhão; na faixa com rendimentos superiores a 30 mínimos, a alta foi de 22,7%, de 183 mil pessoas para 225 mil.

Paraná, no acumulado do ano, supera 100 mil vagas

Os dados divulgados ontem pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o Paraná criou 2.980 novos empregos formais durante o mês de novembro. Este é o terceiro mês de novembro da história em que houve um saldo positivo entre admissões e demissões. ?Nos anos de 2003, 2004 e agora, em 2006, o Paraná teve saldo positivo durante esse mês. Até agora, nosso Estado teve saldo positivo em todos os meses, o que, com certeza, é resultado de políticas públicas concretas e efetivas na área do trabalho?, afirma o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Emerson Nerone.

No período de janeiro a novembro, o Paraná disponibilizou 108.231 novos empregos formais, o que representa um crescimento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foi registrada a geração de 94.205 empregos. Os mais de 108 mil empregos criados até novembro deste ano superam em quase 50% o total de vagas criadas durante todo o ano de 2005, quando o Estado completou, em 12 meses, a criação de 72.374 vagas de trabalho.

A análise dos dados do Caged mostra ainda que os números alcançados pelo Paraná, durante os primeiros 11 meses deste ano, colocam o Estado em destaque na região Sul do País. Os 108.231 empregos criados no Estado representam 43,4% do total de 249.139 empregos oferecidos nos três estados que compõem a região – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Durante o mês de novembro, os setores de comércio e serviços foram os responsáveis pelo bom desempenho na geração de empregos no Paraná. ?Os setores que criam mais empregos são sazonais, isto é, em uma determinada época do ano a agricultura contrata muito; em outra, a indústria de transformação é responsável pela geração de maior número de empregos. Nesta época de final de ano temos o comércio muito aquecido, e a prestação de serviços também?, comenta Nerone. ?Esse aquecimento nós já conhecemos, e é motivado pelo 13º salário e outros benefícios de direito do trabalhador?, completa o secretário.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é um registro administrativo do Ministério do Trabalho e Emprego. O governo federal recebe informações mensais dos empregadores sobre admissões e dispensas de funcionários. A diferença entre os totais de admitidos e demitidos durante um período é o saldo do Caged. Se esse saldo for negativo, significa que num estado, país ou região houve mais demissões que contratações. Se o saldo for positivo, significa que houve aumento no número de empregos.

Durante 2006, o Paraná teve saldo positivo em todos os meses, e totalizou a criação de mais de 108 mil empregos. Desde 2003, 365.623 novos empregos foram oferecidos no Estado.

Comparativo

O total de 108.231 empregos criados no Paraná entre os meses de janeiro e novembro superam o número de vagas abertas entre os quatro estados da região Centro-Oeste do País. Juntos, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal criaram 80.449 empregos em 11 meses.

Os números do Paraná também são maiores que o total de empregos criados em toda a região Norte, entre janeiro e novembro. Os sete estados que formam aquela região contabilizaram 62.479 novos empregos, 73,22% menos que o número de empregos criados no Paraná, durante o mesmo período.

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