O novo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu hoje a adoção por parte do governo de novas medidas para conter a apreciação do real em relação ao dólar. Para ele, além da taxação da entrada de capital estrangeiro em renda fixa, deveriam ser adotados outros instrumentos, como a cobrança de Imposto de Renda (IR) sobre aplicações de agentes internacionais no País. “Acho que podemos colocar a cobrança de IR sobre essas aplicações de estrangeiros no Brasil. A questão da quarentena começa a ser discutida e alguns analistas acham que não é bom. Mas existe uma experiência bem-sucedida no Chile, além de outros países com experiência mais curta”, afirmou.
Andrade também sugeriu que haja um direcionamento dos investimentos estrangeiros para determinados setores da economia, sobretudo os voltados para o comércio exterior. “Podemos também dar vocação e direção para investimentos, colocando que parte da entrada de capital para investimento tenha que ser voltada para exportações”, acrescentou.
Para o executivo, a situação do câmbio deve ser enfrentada de maneira imediata, para impedir que a indústria brasileira continue submetida à concorrência predatória. “A questão cambial é um problema sério, porque realmente estamos perdendo competitividade, principalmente porque a indústria é responsável pelo aumento de produtividade de outros setores da economia, como o setor agrícola”, afirmou.
Reformas
O novo presidente da CNI afirmou ainda que a entidade deseja trabalhar com o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, para aperfeiçoar regras a fim de dar continuidade à estabilidade econômica do País. Ele disse que também pressionará por reformas, como a trabalhista e a tributária.
Segundo o executivo, problemas estruturais brasileiros, como o tamanho dos gastos públicos, precisam ser enfrentados. “A CNI tem o projeto de trabalhar nesses próximos anos pela competitividade da indústria nacional e do País. Não dá pra ser competitivo em um país que tem gargalos que prejudicam a atividade empresarial”, afirmou.
No entanto, Andrade admitiu a dificuldade política em se realizar uma reforma tributária no curto prazo, mas argumentou que a questão precisa começar a ser discutida de maneira mais concreta. “É uma questão para o médio ou longo prazo, mas a completa desoneração das exportações e dos investimentos tem de ser imediata. No Brasil, o empresário paga imposto enquanto investe, o que não ocorre em outras partes do mundo”, completou.
Além disso, segundo ele, uma reforma trabalhista daria condições para o Brasil competir em pé de igualdade no mercado internacional, com o aperfeiçoamento de regras, como a da demissão imotivada, a redução da jornada de trabalho e a terceirização. “A relação capital e trabalho precisa ser revista. Temos uma legislação que é muito pesada, que precisa ser flexibilizada, mas mantendo os direitos do trabalhador”, acrescentou.
Andrade também apontou as reformas política e da Previdência como questões a serem negociadas pelo próximo governo. Para ele, uma reforma previdenciária impactaria positivamente os gastos públicos, possibilitando uma redução da taxas de juros – o que também pode ser positivo para o câmbio. “O governo tem de ser responsável por fazer reforma fiscal que reduza despesas. Não é imediato, mas é possível fazer um planejamento”, concluiu.
