Novo presidente da Caixa promete crédito

O novo presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, disse ontem que vai aumentar a oferta de crédito pela instituição. “O problema maior da Caixa é que ela detém muitos títulos públicos e concede pouco crédito”, comentou. Inverter essa lógica é, segundo avaliou, seu maior desafio. A indicação de Mattoso foi confirmada no início da noite de ontem pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

Mattoso é o atual secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo e recebeu o convite, segundo Palocci, na segunda-feira e foi confirmado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Palocci disse que a indicação para o cargo é feita pelo ministro da Fazenda, mas exige confirmação do presidente e que a indicação será encaminhada ao Conselho de Administração da Caixa.

Mattoso, segundo o ministro, “é uma pessoa de grande confiança e um formulador” no campo da economia dentro do PT. Palocci repetiu que Mattoso conta com “toda a sua confiança” para realizar um bom trabalho frente à Caixa.

Uma das diretrizes do programa do governo é aumentar a oferta de crédito, sobretudo para pessoas que hoje não têm acesso a empréstimos bancários.

Segundo Mattoso, 84% do déficit de moradias concentra-se em famílias com renda de até três salários mínimos. “Precisamos de uma política habitacional que vise atender esse déficit de oferta de moradias em condições muito apropriadas a essa população”, disse. Para isso, o novo governo pretende conceder empréstimos subsidiados a famílias de baixa renda. “O crédito para famílias de baixa renda é um problema”, admitiu. “Precisamos trabalhar com mecanismos e instrumentos legais passíveis de resultar na superação do extraordinário déficit de moradias.”

Banco do Brasil

A briga pela presidência do BB começou a tornar-se pública no dia 4 de dezembro. Depois de decidido que as presidências das maiores estatais ficariam com o PT, os deputados Ricardo Berzoini, hoje ministro da Previdência, José Pimentel (CE) e Geraldo Magela (DF, candidato derrotado ao governo na eleição de outubro) e o deputado eleito Paulo Bernardo (PR) visitaram o então coordenador da transição de governo, Antônio Palocci, hoje ministro da Fazenda, e seu braço direito Luiz Gushiken, secretário de Comunicação de Governo. Naquele momento, configurou-se uma luta entre os grupos de Magela e de Bernardo, com ligeira vantagem para o segundo, cotado também para o Ministério do Planejamento.

Magela fez lobby para ser indicado, mas foi vetado por Lula, que convidou Paulo Bernardo. Como teria de renunciar ao mandato para o qual foi eleito, Bernardo disse ao presidente que só aceitaria o cargo se tivesse alguma garantia de que eventuais crises do governo não o afastariam da presidência do BB. Mas logo chegou a Bernardo a informação de que seu nome fora também vetado, desta vez, por Palocci. Bernardo desistiu da disputa. Lula, no entanto, continuou insistindo para que fosse para o Banco do Brasil. Mas não queria contrariar o seu ministro da Fazenda. Até que ontem Lula chamou os dois parlamentares ao Palácio do Planalto. Deu esperanças a Paulo Bernardo e descartou de vez Magela.

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