A notícia de que as operadora privadas do Porto de Paranaguá iriam construir um pátio de espera particular para abrigar os caminhões e evitar as filas na BR-277 agradou a alguns caminhoneiros, mas gerou desconfiança de outros.
João Aparecido Andrade dormiu duas noites parado no acostamento da BR-277. Ontem, pouco antes de chegar ao pátio do porto, ele reclamou das condições dadas aos caminhoneiros. “Não tem banheiro, não tem água, o acostamento é estreito. Aqui é o único lugar que tem esta fila, em outros portos não há este problema”, reclamou, ao afirmar que um novo pátio resolveria o problema. Natural de Céu Azul, ele se soma à reclamação da categoria de que R$ 0,25 por tonelada carregada para esperar no pátio de triagem do porto é muito pouco. “Levei doze horas até aqui. Agora estou na fila faz 14 horas, já poderia ter feito outra viagem”, contou.
Para Sérgio de Souza, caminhoneiro que veio trazer soja de Cascavel, a situação é insustentável. “É uma vergonha. A safra só começa daqui a trinta dias e já está assim. É subumano ficar aqui”, disse. Quanto ao pátio particular ele foi incisivo. “É mentira. Faz 5 anos que eles falam isso mas não sai do papel. Tudo política e político é mentiroso”, esbravejou.
O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná (Sindicam) e da Federação Nacional dos Caminhoneiros (Fenacam), Diumar Bueno, salientou que a vontade dos caminhoneiros é por fim em definitivo às filas. “Nosso pedido é que o caminhoneiro tenha higiene, segurança e alimentação”, afirmou, lembrando que nas filas das duas últimas safras, três caminhoneiros morreram atropelados na BR-277. “Claro que se for para ficar parado temos que receber mais que este valor irrisório que pagam hoje.”
Bueno revelou que o grande problema do porto diz respeito a sua parte logística e que um pátio privado ajudaria, mas não seria a solução definitiva para o problema. “O caminhão só pode chegar a Paranaguá quando o navio para receber a carga estiver atracado”, afirmou.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a fila de caminhões estava no quilômetro 31 da BR-277 na tarde de ontem. Como o pátio do porto fica no quilômetro 4, significa existem 27 quilômetros de caminhões enfileirados.