O governo brasileiro vê com reservas a proposta de criação, no Fundo Monetário Internacional (FMI), de um mecanismo de ajuda na reestruturação da dívida de países soberanos em situação de crise. Teme-se que, ao estabelecer novas regras, a proposta torne os credores ainda mais cautelosos e os empréstimos, mais caros.
A proposta, que está sendo formulada pela vice-diretora gerente do FMI, Anne Krueger, poderá ser discutida na reunião anual da instituição, que ocorre neste fim de semana. ?Nosso receio é que ela acabe contribuindo para manter baixo o fluxo de capitais para países emergentes?, disse à Agência Estado o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixador Marcos Caramuru de Paiva.
A proposta de Krueger envolve a criação de uma espécie de tribunal que poderia intermediar as negociações dos países com seus credores, em caso de uma reestruturação de dívida. Nos anos 80 até o início dos 90, esse tipo de conversa era feita entre autoridades governamentais e um comitê de bancos credores, que representavam a grande maioria dos detentores dos papéis do país. No entanto, agora o leque de credores é muito mais amplo, o que torna esse mecanismo negociador menos eficiente. A idéia é portanto, criar uma instância no FMI que ajude a organizar as negociações.
O Brasil vê com mais simpatia a proposta do subsecretário para Assuntos Internacionais do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, John Taylor. Ele acha que as relações entre credores e devedores podem ficar mais organizadas apenas com a adoção de regras mais claras nos contratos de emissão dos bônus da dívida.