São Paulo – Preparando-se para substituir novamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente José Alencar voltou a criticar a ortodoxia excessiva do governo e defendeu um rompimento com a cartilha dos economistas de bancos. “Alguns economistas, especialmente aqueles ligados a grandes bancos, alegam que há um limite para a redução das taxas, como por exemplo 10%, em termos reais ao ano. Apenas umas 10 vezes mais que as taxas dos países com os quais o Brasil pode se comparar! Isso é grave. Esses mesmos economistas dizem que o Brasil pode crescer no máximo 3% ao ano. Afirman que acima disso, a inflação voltará. Temos que ter coragem de romper com isso para não convivermos o resto da vida com taxas altas de desemprego”, disse, em entrevista publicada ontem (1) pelo jornal argentino La Nación.
Alencar afirmou que nunca na história do País ocorreu uma transferência de riqueza do trabalho e da produção em benefício do setor financeiro como a que está acontecendo nos últimos dez anos. Essa transferência seria uma conseqüência da política de taxas de juros altas, que estão sacrificando a economia.
Alencar admite que o governo teve de adotá-las para impedir a volta da inflação, mas declarou que o governo já deveria tê-las abandonado há muito tempo. O vice-presidente classificou a política fiscal do governo do qual faz parte como “ultraconservadora e dura”. Sobre a política monetária, Alencar a considera “ultra-restritiva”.