Nova redução do leite é especulativa, diz Faep

A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) alerta os produtores de leite do Estado para não aceitarem preços mais reduzidos do que os praticados atualmente. “A queda do preço do leite já ocorreu e não há razão para que haja uma nova baixa”, declarou o presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Faep, Ronei Volpi, em resposta aos boatos de uma redução de mais 15% nos próximos dias. Segundo ele, “um movimento especulativo tenta tirar proveito máximo dos efeitos da concordata preventiva da Parmalat do Brasil sobre os preços do leite no Paraná”.

Volpi salientou que a referência deve ser o preço divulgado mensalmente pelo Conseleite/PR (Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite do Paraná). O preço de referência é calculado por profissionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e leva em conta os custos de produção da matéria-prima e os custos industriais, a participação da matéria-prima nos produtos e o resultado da comercialização do mix de produtos de cada empresa, mês a mês. Em dezembro de 2003, o preço-referência ficou em R$ 0,3990 por litro. Para janeiro, o Conseleite/PR projeta R$ 0,3814, um dos valores mais baixos desde que a pesquisa começou a ser realizada, em janeiro do ano passado.

Segundo Volpi, o que existe hoje “são boatos mal intencionados que devem ser repudiados pela classe”. Na avaliação dele, o impacto da quebra da Parmalat italiana e da concordata da Parmalat do Brasil “tem muito pouca repercussão no estado, diante da pequena ponderação das compras de leite da empresa no universo da produção paranaense”. Dos 2,2 bilhões de litros produzidos no ano passado no Paraná, a Batávia – unidade da Parmalat em Carambeí – absorveu menos de 10%.

A Batávia S/A foi criada em abril de 98, a partir da associação estratégica das cooperativas Central de Laticínios do Paraná Ltda. (CCLPL) e Agromilk (de Santa Catarina) com a Parmalat Brasil. O controle acionário pertence à Parmalat, com 51% das ações, seguida da CCLPL, com 45,5%, e Agromilk, com 3,5%. Atualmente conta com duas unidades industriais em Carambeí e uma em Concórdia (SC), vendendo mais de 300 produtos com a marca Batavo. Além das cooperativas Batavo, Castrolanda e Arapoti – que integram a Central de Laticínios do Paraná – há também pequenos produtores que fornecem leite para a Batávia.

Ontem, nenhum representante das cooperativas foi localizado para comentar o impacto da concordata nos negócios da Parmalat no Paraná. Por enquanto, o pedido de concordata não alterou em nada o funcionamento da Batávia. As cooperativas continuam entregando matéria-prima normalmente e recebendo os pagamentos em dia.

Audiência pública

Na próxima segunda-feira, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados que investiga a crise da Parmalat fará uma audiência pública em Curitiba, a partir das 10h, na Assembléia Legislativa. Com participação de representantes dos trabalhadores da Batávia, cooperativas e produtores, a audiência pública será conduzida pelos deputados paranaenses Luiz Carlos Hauly (PSDB), Cesar Silvestri (PPS), Abelardo Lupion (PFL) e pelo relator da comissão, Assis Miguel do Couto (PT).

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