O deslocamento dos dois votos dissidentes do Comitê de Política Monetária (Copom) favoráveis à elevação de 0,50 ponto porcentual da Selic – como se viu nos dois últimos encontros – para o bloco majoritário dos votantes pela estabilidade da Selic em 14,25% ao ano é uma das prováveis marcas da reunião do colegiado nesta semana, marcada para amanhã, 26, e quarta-feira, 27. É o que preveem os economistas da Nomura Securities Internacional em relatório distribuído a clientes nesta segunda-feira, 25.
Para o Departamento Econômico da instituição, além dos fatores estritamente econômicos, dois pontos se destacam e reforçam a expectativa de uma votação unânime pela manutenção da Selic. O primeiro é a comunicação dos dirigentes do BC, que “tem sido bastante simples na sinalização de que a flexibilização monetária não pode acontecer agora”. O segundo ponto são os incentivos para o BC esperar até que o processo de impeachment seja encerrado.
“Para esta semana, acreditamos que a unanimidade é mais provável”, preveem os economistas da Nomura. Eles ponderam, no entanto, que tal unanimidade, se for confirmada, não se deverá ser lida como um sinal de um corte próximo. “É muito provável que a Selic seja mantida em 14,25%”, afirmam, acrescentando que, por ora, mantêm a previsão de um corte de 1 ponto porcentual da Selic neste ano, sendo 0,5 ponto em outubro e 0,5 ponto em novembro.
A Nomura reconhece a força da desaceleração recente da inflação bem como movimentos importantes nas expectativas de inflação. Mas avalia que são insuficientes para justificar uma ação imediata do BC. “Embora acreditemos que a rota da inflação está dentro do desejado pelo BC, pelo menos inicialmente se materializando este ano, estamos céticos em relação a quaisquer cortes da taxa no primeiro semestre”, dizem os economistas.