Rodovia estratégica por ligar o Rio de Janeiro a Minas Gerais, a BR-040 enfrenta hoje situação precária no trecho entre a capital fluminense e Petrópolis, na região serrana do Estado. A construção da obra conhecida como Nova Subida da Serra está parada há um ano, sem previsão de retomada. Apreciar a paisagem de belas montanhas emolduradas pela Mata Atlântica na Rio-Petrópolis é atualmente uma missão quase impossível para os motoristas. A estrada requer atenção redobrada, em especial em dias de chuva e nevoeiro intenso, o que é comum na região.
Moradores da região serrana do Rio de Janeiro e os demais usuários da BR-040 convivem com buracos, desníveis na pista, iluminação insuficiente e falta de acostamento em vários trechos da rodovia. Os motoristas foram relegados à condição de coadjuvantes de pouca importância na novela que se tornou a construção da Nova Subida da Serra.
A obra foi proposta pela Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora-Rio (Concer), concessionária do trecho desde 1995. Depois de uma longa análise, foi incluída no contrato de concessão pela a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A expectativa era que, pronta, reduzisse em 30 minutos o tempo de viagem entre as duas cidades. O Tribunal de Contas da União (TCU), porém se opôs à mudança no contrato, a liberação de recursos públicos para a obra e alega ter encontrado indícios de superfaturamento. Enquanto órgãos públicos e empresa tentam chegar a um consenso, os motoristas seguem em compasso de espera.
“É uma estrada antiga e perigosa. Tem uma curva em que volta e meia um caminhão vira e aí para tudo. Desde que começaram a pensar na obra a estrada velha está mal cuidada. Agora não temos nem a subida nova nem a velha”, diz a psicóloga Virgínia Ulyssea, moradora de Petrópolis há 40 anos.
Cobrança continua. Para os usuários da rodovia, como Leo Silva, de 36 anos, o pedágio de R$ 12,40 sai caro. “A concessionária tem abandonado a rodovia. Tem muitos buracos. Eu mesmo já socorri motoqueiros que caíram. Sentimos em casa a trepidação dos caminhões.”
Como a pista da Rio-Petrópolis é estreita, a ANTT restringiu o tráfego de carretas e caminhões na subida da serra nas vésperas de feriados, sextas-feiras e sábados.
Em janeiro, o TCU detectou ir regularidades como o sobrepreço de R$ 203,8 milhões no valor a ser aportado pela ANTT, de R$ 97 milhões no orçamento das obras e valores superestimados de impostos.
Com tráfego médio de 43 mil veículos por dia, a rodovia ainda convive com o traçado original, de 1928. O projeto da Nova Subida da Serra engloba uma pista de 20,7 quilômetros, a duplicação da atual e o maior túnel rodoviário do País, com 4,6 quilômetros. Hoje ele já é visível, mas permanece fechado. A expectativa é reduzir em 30 minutos o tempo de viagem entre Rio e Petrópolis.
Canteiros vazios. No auge da obra, a Concer chegou a empregar 1,2 mil operários. Agora os canteiros estão vazios e há equipamentos parados ao longo do caminho. Na estrada é possível ver parte da duplicação já realizada e viadutos por terminar. Um deles fará a ligação da atual pista de descida da serra – que, duplicada, servirá também para subida – e o novo túnel. Haverá um caminho alternativo para quem não quiser utilizá-lo e preferir passar pela estrada velha.
De acordo com a Concer, 50% da obra está concluída. A estimativa é que sejam necessários mais 18 meses para terminar a construção. O problema é que não há previsão de quando a obra será retomada. Tudo depende do de um acerto de contas entre Concer, TCU e outras autoridades.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.